Introdução

Por que uma teologia de missões?

Porque o pensamento precede a ação. Decisões são sempre tomadas mediante uma reflexão, seja uma reflexão breve ou longa. Uma das finalidades da Igreja é pregar o evangelho a toda criatura, ou seja, fazer missões. A nossa teologia de missões vai determinar o grau de importância que isso tem em nossas prioridades. Vai nos ajudar a entender o “como”  e o “porquê” devemos fazer missões.

Não que outros já não tenham refletido sobre o tema. Na verdade, esse tema sempre ocupou a mente dos pensadores cristãos em toda a era da Igreja. Todavia, mais do que nunca, é importante e necessário conhecermos o que isso implica na vida da Igreja. Devemos pensar missões e, em seguida, fazer missões, para que a ação se torne eficaz e atinja os propósitos determinados por Deus.

Embora já houvesse missões antes de William Carey (1761–1834), ele é considerado o “pai das missões modernas”. Carey  discorreu sobre o dever dos crentes em anunciar o evangelho às nações pagãs em uma reunião de sua igreja, o que parece, hoje, um tanto óbvio, um tanto desnecessário. Dizer que os crentes precisam pregar o evangelho às nações pagãs é muito evidente para nós. Mas, na época em que fez esse discurso, Carey foi revolucionário. É fácil, então, perceber o quanto uma forma de pensar errada é prejudicial à Igreja de Cristo. Glória a Deus porque William Carey não pensava dessa forma.

Hoje, quando o véu é tirado dos nossos olhos, fica  fácil perceber o quanto a Bíblia é um livro missionário. Em toda ela, o “Ide” de Jesus está presente. Não há como negar que a missão de proclamar Jesus entre as nações é uma necessidade urgente, que vai-se tornando, a cada dia, um pouco mais urgente, devido à iminência da vinda de Jesus. Teologia é reflexão e reflexão produz ação.

Estaremos, pois, abordando a questão de missões tanto pela teologia bíblica, analisando o que cada conjunto de livros sugere ou afirma sobre o assunto, quanto por uma teologia sistemática, organizando as afirmações das Escrituras sobre o assunto.

O cristianismo é uma religião missionária por natureza e não um adendo ao seu conteúdo. Não é um anexo ao final do Novo Testamento, mas a essência de sua mensagem. Muitas religiões se espalharam por consequências históricas. O cristianismo se espalhou porque isso é inerente ao seu credo. Cristianismo sem missões não é cristianismo, de forma alguma. Se assim fosse, o cristianismo não passaria de uma extinta seita judaica há muito tempo.

Acima de tudo, nos cabe transformar palavras em ações concretas, pois “de tudo o que se tem ouvido a conclusão é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos, pois isto é o dever de todo homem” (Ec 12.13). E o “Ide” não é, de forma alguma, um dever menor.