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A arqueologia ampara ou denigre a Bíblia?

Entre todas as áreas de estudo relacionadas à história bíblica, poucas são tão excitantes como a arqueologia. Cavar em busca de materiais enterrados há milhares de anos e descobrir ferramentas, cerâmicas, casas, cidades antigas e outros tesouros realmente mexe com a imaginação de qualquer pessoa. Mas como os estudos arqueológicos têm afetado nosso conhecimento e confiança na infabilidade da Bíblia? Esta é uma pergunta importante porque as mensagens históricas e espirituais da Bíblia estão entrelaçadas. Por exemplo, a Bíblia relata a tomada milagrosa de Jericó como um exemplo do poder de Deus. Se esse incidente nunca aconteceu, os princípios derivados disso não possuem qualquer vínculo com a realidade e nossa crença se esvai. É justamente por apontar tal ocorrência como fato histórico e não um mero mito que a credibilidade espiritual bíblica reclama sua autenticidade histórica. Como resultado, nós, que aceitamos a Bíblia como fonte de pesquisa histórica, consideramos os resultados da arqueologia relevantes para a nossa fé. Se a narrativa bíblica é composta de fatos históricos deveria haver evidências que confirmem isso. Assim, surge a questão: Que evidências possuímos? Como a arqueologia tem autenticado a Bíblia? Convidamos você, prezado leitor do BlogSF a descobrir essas respostas.

Por Joel B. Groat
Tradução Elvis Brassaroto Aleixo

As muralhas de Jericó realmente vieram abaixo?

A história da queda das muralhas Jericó (Js 6.1-25) é um bom exemplo de evento bíblico específico para o qual a arqueologia proveu confirmação notável. A Bíblia relaciona a intervenção dramática de Deus em favor de seu povo após este entrar na terra de Canaã. Os israelitas atacaram impetuosamente Jericó após o desmoronamento milagroso de suas muralhas, permitindo-lhes marchar diretamente para o centro da cidade.

No passado, muitos críticos taxaram esta história como uma espécie de promoção mítica da fé. Mas escavações feitas no local revelaram vários detalhes interessantes que apoiam a história bíblica. A evidência arqueológica foi resumida pelo pesquisador Bryant G. Wood, da Biblical Arqueology Review, da seguinte forma: “A correlação entre a evidência arqueológica e a narrativa bíblica é significativa: a cidade foi intensamente fortalecida (Js 2.5,7,15; 6.5,20); o ataque aconteceu logo após o tempo de colheita da primavera (Js 2.6; 3.15; 5.10); os habitantes não tiveram qualquer oportunidade para fugir com seus alimentos (Js 6.1); o cerco militar foi pequeno (Js 6.15); as muralhas caíram, possivelmente por causa de um terremoto (Js 6.20); a cidade não foi saqueada (Js 6.17,18); a cidade foi queimada (Js 6.24)”.1

Claro que há limites que a arqueologia não consegue ultrapassar. Não pode, por exemplo, provar o milagre que fez que as muralhas de Jericó caíssem. Mas verificando os detalhes específicos de Josué 6, a arqueologia, no mínimo, fortalece a credibilidade da Bíblia, posicionando-a como um registro antigo autêntico.

O pródigo império do rei Salomão

Para os críticos dos anos anteriores às descrições bíblicas acerca do império do rei Salomão, tais descrições eram consideradas exageradamente ornamentadas. Hoje, a maioria desses críticos foi silenciada com o resultado das descobertas arqueológicas que substanciam vários detalhes específicos da era salomônica, como, por exemplo, o emprego de uma frota naval com fins de ajuntar riquezas (1Rs 10.22); a existência de minas de cobre e refinarias de minério para fundir o cobre e o bronze empregados nos elementos do templo (1Rs 7.13,14, 45,46); e também as diversas cidades que estavam sob a regência de seu vasto império (1Rs 9.15-17).2

Pessoas e lugares reais

Algumas vezes, os arqueólogos descobriram evidências para detalhes bíblicos que, inicialmente, pareciam não ter qualquer importância. Por exemplo, o escritor de 1Reis 9.15-17 menciona as construções que Salomão empenhou nas cidades de Jerusalém, Hasor e Megido, assim como a reconstrução da cidade de Gezer, após sua destruição, comandada por um faraó egípcio.

Alguns arqueólogos, entretanto, desdenhando a veracidade bíblica, classificaram a descoberta como tendo pouca significação, porém, posteriormente, tal descoberta foi importantíssima para confirmar a história bíblica.

Isso reafirma o fato de que a Bíblia não registra lugares fantasiosos (inventados) e eventos inverificáveis, mas pessoas e lugares históricos reais. Além dos exemplos já mencionados, todos os lugares, nomes e objetos seguintes foram historicamente confirmados:

  • Jéu, rei de Israel – nome inscrito no obelisco de Shalmaneser (1Rs 19.16-19; 2Rs 9,10).3
  • O túnel de Ezequias – abertura e escavação feitas em pedra sólida. Foi descoberto em 1880 (2Rs 20.20; 2Cr 32.30).4
  • Hesbom – cidade mencionada 38 vezes na Bíblia. O local é conhecido hoje como Hisbam. Peças de cerâmica datadas de 900 a.C. foram encontradas no local (Nm 21.25; Js 13.17).5
  • Dario, monarca persa – textos antigos, que datam de 498 a.C., confirmam sua existência e identidade, conforme são relatadas no livro bíblico de Esdras (Ed 4-6).6
  • Cláudio, imperador romano – duas descobertas arqueológicas literárias o relacionam ao Novo Testamento, documento em que ele é mencionado em Atos 11.28 e 18.2.7
  • Dracma, denário – moedas persas e romanas, mencionadas na Bíblia, foram verificadas pela arqueologia.8
  • Asera, Baal – datados em tempos bíblicos, os principais deuses cananitas foram verificados por materiais literários descobertos em Ugarite. Foi também encontrada uma imagem de Baal esculpida em pedra calcária, datada de cerca de 1650 a.C. As práticas moralmente depravadas associadas a esses deuses estão de acordo com as condenações do Antigo Testamento (Jz 3.7, 1Rs 18).9

Devido à vasta quantia de exemplos, como os que acabamos de ver, o respeito à Bíblia ganhou maior difusão entre os arqueólogos. O professor William G. Dever, da Universidade do Arizona, declarou: “A Bíblia não é apenas mais uma relíquia isolada da antiguidade, sem proveniência e sem credibilidade. A arqueologia pode até não ter provado a existência histórica específica de certas personalidades bíblicas, como é o caso de Abraão ou Moisés, mas tem, durante todo o tempo, demolido a noção de que a Bíblia é pura mitologia. A Bíblia é quase como se fosse uma pessoa de carne e sangue, existindo em tempos e lugares determinados…”.10

Igualmente, Millar Burrows, da Universidade de Yale, escreveu: “Tudo o que temos encontrado sobre os ‘quadros’ do passado, apresentados pela Bíblia, é compatível com o que sabemos acerca da arqueologia […] Mera lenda ou ficção inevitavelmente apresentaria anacronismos e incongruências”.11

O renomado arqueólogo judeu, Nelson Glueck, concluiu que “pode ser declarado categoricamente que até aqui as descobertas arqueológicas não foram capazes de controverter qualquer referência bíblica”.12

A Bíblia é confiável e verdadeira. Os estudos arqueológicos continuam atestando que os eventos e as pessoas retratados no registro bíblico são historicamente precisos, e os estudos textuais têm confirmado a exatidão de nossas cópias dos Escritos Sagrados, os quais foram divinamente preservados por Deus através de séculos de tradução e transmissão.

Com confiança renovada na Bíblia, podemos dizer como o salmista: “Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho […] A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre” (Sl 119.105,160).


Bryant G. Wood. Did the Israelites conquer Jericho; a new look at the archaeological evidence. Biblical Archaeology Review, mar/abr, 1990, p. 44-58.
Edward M. Blaiklock e R. K. Harrison. New international dictionary of biblical archaeology. Zondervan Publishing House, 1983, p. 419-22.
Ibid, p.409.
Ibid, p.237.
Ibid, p.236.
Ibid, p.149.
Ibid, p.131.
Ibid, p.134-5.
Ibid, p.460-1.
10 William G. Dever. Archaeology and the Bible: understanding their special relationship. Adaptação da Archaeological discoveries and biblical research, mai/jun, 1990, p. 55.
11 William G. Dever. Millar Burrows. What Mean These Stones? New York: Meridian Books, 1956, p. 42. Citado em Josh McDowell, Evidências que exigem um veredicto, 1979, p. 267.
12 Nelson Glueck. Rivers in the desert: History of the Negev. Philadelphia: Jewish Publication Society of America, 1969, p. 31. Citado em Josh McDowell, Evidências que exigem um veredicto, 1979, p. 65.

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