Introdução

Tudo tem uma história. A apologética cristã também tem a sua. Defender racionalmente os pressupostos e as afirmações do cristianismo está na formação das Escrituras. Nela podemos encontrar tanto uma defesa geral como defesas de pontos específicos. E tal atitude incorporou-se ao espírito do próprio cristianismo. Algumas vezes bastou proclamar as verdades reveladas. Outras vezes foi preciso defendê-las diante dos incrédulos e dos hereges.

Cada época determinou a intensidade e os rumos do labor apologético. Além da variabilidade de questões históricas, havia também questões antropológicas e culturais. É óbvio que defender o cristianismo na Europa medieval era muito mais fácil e muito diferente de fazê-lo do que no mundo islâmico moderno. O monopólio cristão do pensamento, sustentado pelo apoio estatal, o tornava culturalmente aceitável. No contexto ateísta produzido pelo iluminismo e pela Revolução Francesa, a apologética precisava se desenvolver com muito mais força. Assim, a apologética variou em importância de época para época e de lugar para lugar.

A história da apologética acompanhará a história de seu meio, pois sua voz se torna necessária de acordo com a voz dos opositores do cristianismo. Por ser, de certo modo, uma defesa, a apologética se desenvolve de acordo com os ataques. É mais ou menos necessária conforme o contexto. Variará seus temas conforme os temas contraditórios às verdades reveladas.

Podemos falar de uma apologética geral do cristianismo, daquilo que C.S. Lewis denominou “cristianismo puro e simples”, isento dos conflitos intra-cristianismo, embora os embates entre o protestantismo e as demais formas de cristianismo sejam inevitáveis. Dessa forma, podemos caminhar dentro de um esboço da história da apologética nesses dois mil anos de cristianismo.