Introdução

A palavra “ecumenismo” tem sua origem na palavra grega oicos, que significa “casa”. Casa aqui tem sentido de “terra habitada” ou “mundo inteiro”. Logo, quando essa palavra se relaciona com a religião, pretende expressar uma idéia que contempla o mundo como um todo, envolvendo-o em um tipo de espiritualidade universal e unificada. Conforme expressou Rosino Gibellini, no contexto atual, existem três significados ligados ao conceito de ecumenismo:

  1. Toda a Igreja Católica, devido aos seus concílios ecumênicos;
  2. Todas as igrejas cristãs sobre a face da terra, devido ao movimento ecumênico propriamente dito;
  3. Todos os problemas ligados à universalidade, aquilo que se refere a todas as religiões em geral.

No contexto bíblico, “ecumênico” significa simplesmente “relativo a toda a terra habitada; universal”, ou apenas, “o mundo”. Esse conceito é usado, por exemplo, em Mateus 24.14: “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então, virá o fim”. O sentido bíblico do termo “ecumênico” é o da união de todos os crentes por iniciativa do Espírito Santo.

Para atingir o nosso alvo, que é identificar os grupos religiosos e conduzi-los ao Evangelho salvador de Jesus Cristo, trabalharemos com o segundo e o terceiro conceito. Trataremos do terceiro grupo e depois do segundo. No primeiro caso, nosso alvo serão as mentes religiosamente ecumenistas, ou seja, aqueles para quem é difícil uma concepção de que uma única religião exclui todas as outras. No segundo caso, identificaremos alguns perigos e enganos que se escondem por trás da união das diversas confissões cristãs.

O conflito filosófico entre o uno e o múltiplo é milenar. Em nosso mundo atual as distâncias foram anuladas pelos meios de comunicação e transporte. O homem moderno se vê cada vez mais diante do desafio de lidar com diferentes religiões. A pluralidade religiosa sempre existiu, mas agora ela existe dentro de um mesmo contexto cada vez menor. E o fato de cada religião defender para si idéias absolutas, que normalmente conflitam com as reivindicações de outras religiões, gera a conveniente solução por meio da unificação de todas elas.

O perigo de defender o valor de uma sobre as outras, ferindo assim os sentimentos mais sagrados de um grupo, levou pensadores e idealistas ao sonho de uma religião mundial. O próprio fato de alguns dos mais graves conflitos bélicos terem sua aparente origem em questões religiosas motivou ainda mais esse pensamento. Mentes não religiosas, ou para quem os absolutos da religião nada significam, não entendem o motivo desses conflitos.

Temos em Mahatma Gandhi um grande exemplo desse pensamento. Ele foi um grande líder indiano e encontrou dentro de sua sociedade três segmentos religiosos: hinduísmo, islamismo, e cristianismo. O primeiro era a religião própria do seu povo. O segundo tornou-se influente na Índia devido ao período do domínio muçulmano mogul. E o último era a religião do dominador inglês, que governou a Índia durante o período de vida de Gandhi. Havia constantes conflitos entre os membros dessas religiões, muitas vezes conflitos bélicos e mortais. Neste contexto, qualquer afirmação de superioridade de uma religião sobre as outras, tornava a situação perigosa.

Diante desse fato, Gandhi dizia que a palavra “Deus” era a mesma em cada uma das religiões, ignorando completamente as diferenças. Era um ecumenista amplo e prático em sua abordagem. Entretanto, é bom destacar que seu intento não era religioso em primeiro lugar e sim político. Sua intenção não era de modo algum proclamar algum tipo de salvação da alma por meio da união daquelas religiões. Queria simplesmente mostrar que todas elas poderiam conviver em harmonia.