Introdução

Antes de qualquer coisa se faz necessário esclarecer que a origem doutrinária do tema que trata destas criaturas acha-se, em primeiro momento, nas páginas da Bíblia Sagrada. É temerário acreditar que fontes esotéricas, ocultistas ou que se originem no seio de uma sociedade eivada de crendices descabidas, possam trazer melhor esclarecimento a respeito deste assunto do que a Palavra de Deus.

Há 271 citações sobre anjos na Bíblia, encontrando-se 108 no Antigo Testamento e 163 no Novo Testamento. A matéria consiste na doutrina que retrata Deus, o Grande Criador (At 17.25), como o que concebeu na Terra três formas distintas de vida, quais sejam: a) Vida vegetal; b) Vida animal e c) Vida humana, criando anteriormente a tudo, os anjos, com vida eterna a partir de sua criação, para que habitassem no céu e lhe prestassem contínuo serviço (propósito primordial).

A crença nos anjos sempre foi comum entre os cristãos desde os tempos contemporâneos a Jesus Cristo (Mt 1.20; Lc 1.11; 2.9); durante o período de desenvolvimento da igreja primitiva e no período apostólico (At 1.11), épocas nas quais as manifestações angelicais ocorriam com certa frequência e muitas pessoas tinham testemunhos para dar a este respeito, sendo certo que também os povos veterotestamentários tinham ciência dessas manifestações sobrenaturais, tanto por experiência própria (Gn 16.7; Êx 14.19; Nm 22.31) quanto por informações prestadas pelos Escritos Sagrados (Sl 34.7; 91.11).

Houve, todavia, um grupo nos tempos de Jesus que não cria na existência destes seres, na veracidade da ressurreição e do espírito. Eram os saduceus (At 23.8).

Existe atualmente profissões religiosas, como os kardecistas, pregando que os anjos do cristianismo seriam espíritos de humanos desencarnados que evoluíram a um grau que não exige mais reencarnações sucessivas para o progresso o espiritual.

Em contrapartida, os meios evangélicos se acham povoados de grupos que propagam uma série de excessos no que tange a aparições e demais manifestações angelicais nas igrejas ou domicílios de alguns cristãos, dando extremada ênfase ao assunto, a ponto de prestarem “culto aos anjos”, o que obviamente decorre de um desconhecimento da doutrina bíblica que versa sobre a matéria e incorrendo inevitavelmente no erro mencionado por Paulo em Colossenses 2.18, vitimados por uma “carnal compreensão”.

Esses aspectos fazem com que se torne primordial conhecermos quais as verdadeiras atribuições, posição, classe e a importância dos anjos no plano divino.

Não seria possível, entretanto, esgotar o tema se não tratássemos também aqui da questão dos anjos caídos, cujo líder, Satanás, nominado “Lúcifer” na Vulgata Latina (tradução da Bíblia para o latim), recebe primazia nesta casta de anjos rebeldes, o que determina a partição do assunto, adequando esta classe indisciplinada quanto ao plano temporal, à condição espiritual, profética e escatológica.

Constituirá parte elementar deste tratado o aspecto da graduação angelical, norma regular observada entre as inúmeras espécies de vida sobre a Terra, inferiores ou superiores, a qual proporá esclarecimentos pertinentes às classes e atribuições reconhecidas entre as hostes angelicais.

É importante frisar desde agora, que os contextos bíblicos que envolvem ocorrências angelicais sempre têm Deus ou Cristo como tema central, esta é a razão porque se nota que, na sua maioria, os aparecimentos de anjos se prendem a uma fugacidade, sem provocação ou predição, ou seja, envoltos numa severa e incontestável servidão a Deus, a cujas ordens atendem sem hesitação. Essas manifestações não são autônomas, antes, obedecem às determinações divinas.