Introdução

Cabala – O ocultismo judaico

“As coisas encobertas são para o SENHOR, nosso Deus; porém as reveladas são para nós e para nossos filhos, para sempre, para cumprirmos todas as palavras desta lei” (Dt 29.29)

A adesão da mundialmente famosa cantora pop Madonna, chamou a atenção do mundo para um aspecto do judaísmo pouco comentado – a Cabala. Sua adesão ao misticismo judaico parece ter sido bastante radical, a ponto dela adotar um nome hebraico – Ester – e fazer constantes viagens a Israel, além de se recusar a realizar shows nas sextas-feiras à noite. Suas atitudes religiosas chamaram tanto ou mais atenção quanto seu comportamento escandaloso em épocas anteriores. Agora ela amarra um fio vermelho de lá com sete nós, uma espécie de amuleto que “protege contra a inveja e o mau olhado”, segundo a crença.

A mudança de nome está profundamente relacionado com a Cabala, cujas crenças envolvem muita numerologia e o valor numérico dos nomes é de extrema importância. Seguindo os ensinamentos de Yehuda, mestre cabalístico da cantora, Madonna afirma que quer se livrar da energia negativa que teria acompanhado o nome de batismo dela: Louise Veronica.

Além dela, outras celebridades de Beverly Hills, o bairro dos ricos e famosos, tem se dobrado ao secular ocultismo judaico e podem ser vistos arrastando a tal fita vermelha. A atriz Winona Ryder, o jogador de futebol David Beckham e a mulher dele, a ex-Spice Girl, Victoria. A cantora Britney Spears tatuou no pescoço o símbolo cabalístico para a cura.

Embora este tipo de ocultismo seja comum entre os judeus há mais de mil anos, sempre permaneceu à margem da religião oficial e sempre foi visto com desconfiança pelos mais ortodoxos. Se, todavia, esta prática “está em moda”, é porque toda forma de ocultismo também está. Entra no mesmo cesto dos demais ramos do misticismo, como a teosofia e seus derivados. O site esotérico “Astrosirius” descreveu muito bem este relacionamento entre Cabala e Nova Era de forma muito clara:

O estudo da Cabala era até os anos 70 reservado a alguns poucos iniciados, especialmente aos rabinos judeus. Mas os ventos da nova era de Aquário abrem as portas para que os conhecimentos ocultos possam ser mais acessíveis a todos aqueles que desejam se desenvolver espiritualmente, conhecendo a sua finalidade no planeta Terra.

Literalmente, Cabala significa apenas “tradição”, ou “aquilo que é recebido”. O termo é utilizado desde o 13º século da era Cristã. Sempre assumiu um aspecto de doutrina secreta, porque era estudada por um número bem seleto de “iniciados”. Embora seus adeptos gostem de atribuir suas origens aos tempos primitivos, como procedendo de Adão e Abraão, os primeiros a esboçar seus ensinos, pertencem ao segundo século depois de Cristo, como os rabinos Ismael ben Elisa; Nechunjah bem Hakana e Simeon bem Yohai. A este último se atribui a autoria do principal livro da Cabala – o Zohar, embora isto não seja definitivamente verdade (A Cabala, Dr. Erich Bischoff, Editora Campos, 1992).

Os estudiosos do judaísmo consideram como o verdadeiro autor, o rabino medieval espanhol, Moisés de Leon (1250 – 1305), místico e cabalista. O Zohar (Esplendor) é um comentário esotérico do Pentateuco (A História do Povo de Israel, Abba Eban, Bloch Editores, 1982).

Magia Branca?

A Cabala compreende dois aspectos: a teórica (qabbala ‘iyyunit) e a prática (qabbala ma’asit ou shimushit). Em seu aspecto prático os cabalistas alegam utilizar, como propósito e intenção, a “magia branca”, pois operam com os nomes santos de Deus, em contraste com a magia negra, que usa poderes demoníacos (bruxaria).

Apesar dessa aparente distinção, como toda forma de magia, a cabala busca manipular a realidade por meio de fórmulas e palavras mágicas. Segundo o estudioso judeu e discípulo do cabalista Isaac ben Salomon, Hayyim Vital, é difícil definir as linhas prevalecentes dentro das práticas mágicas cabalísticas. Ele enfaticamente aponta os perigos que envolvem as fórmulas mágicas, mesmo quando usadas para meditação espiritual. Em certos praticantes, a linha divisória entre magia negra e branca é difícil de distinguir, especialmente no que envolve necromancia, exorcismo e no uso de amuletos. É também ligada a muitas outras ciências ocultas, tais como a astrologia, a alquimia e quiromancia. (Enciclopédia Britânica, verbete ‘Cabala”, Vol IV,1969).

Apesar de amarmos os judeus como descendentes de Abraão, não podemos esquecer que sua rejeição ao evangelho os colocam numa posição de inimigos de Deus (Rm 11.28). O próprio Jesus classificou-os como filhos do Diabo (Jo 8.44). Sua percepção espiritual embotada (Rm 11.8-10) levou-os ao longo dos anos a se voltarem a uma forma mística e distorcida de judaísmo, influenciado por elementos esotéricos gnósticos e neoplatônicos. A magia judaica não é em nada melhor do que a magia pagã, simplesmente por usar elementos bíblicos como referência.

Não só os nomes de Deus, são utilizados nos encantamentos, mas também os supostos nomes de diversos anjos. É bom frisar que os nomes dos anjos não são tirados dos livros canônicos do Antigo Testamento, pois estes só fazem referência aos nomes de dois anjos: Gabriel e Miguel.