Introdução

Os dias atuais presenciam o surgimento daquilo que já foi chamado de “Novo Ateísmo”, uma espécie de religião dos não-crentes, que prega o fim da influência de Deus na vida moderna. Ainda que pareça contraditório, é um fato. Um grupo de pessoas, muitas delas homens de grande destaque em seus campos de atuação, iniciou uma cruzada mundial contra a religião.

Os novos ateus condenam não apenas a crença em Deus, mas também o respeito pela crença em Deus. Segundo eles, a religião não está apenas errada. Ela é perversa. A face mais visível dessa cruzada contra a religião são as dezenas de livros lançados recentemente por cientistas influentes. Três deles estão causando mais impacto.

O primeiro é do zoólogo britânico Richard Dawkins, um dos mais conhecidos pesquisadores do evolucionismo. Respeitado há três décadas por suas pesquisas e seus livros de divulgação científica, ele publicou o livro The God Delusion (“A ilusão de Deus”, traduzido no Brasil por “Deus, um delírio”), baseado em um documentário que fez para a TV inglesa. Recentemente, ele lançou uma campanha ateísta, colocando nos ônibus de Londres uma faixa com os dizeres: “Deus provavelmente não existe. Pare de se preocupar e aproveite a vida.”

No mesmo tom, o neurocientista americano Sam Harris publicou Letter to a Christian Nation (“Carta a uma nação cristã”), uma espécie de desafio à fé cristã, amparado em uma crítica racional da religião.

O mais ponderado dos três é Daniel Dennett. No livro Breaking the Spell (“Quebrando o feitiço”), ele oferece explicações naturais para o surgimento da fé e questiona o papel das religiões.

Embora usem palavras fortes, esses desafiantes não querem soar desrespeitosos. Pelo menos é o que dizem, apesar do tom agressivo de Dawkins contra todo tipo de manifestação religiosa. Eles dizem não pretender abalar a fé dos devotos. Seu público-alvo seriam as ovelhas desgarradas, que já trilham caminhos mais céticos. O objetivo, afirmam, é fazer os agnósticos, gente que alimenta dúvidas sobre Deus, assumirem o ateísmo. Dizem que a religiosidade faz mais mal do que bem à humanidade.

Toda essa militância ateísta termina por adquirir contornos curiosos, pois sem perceber, eles vão se tornando tão militantes quanto os crentes que condenam. Como escreveu Philip E. Johnson, um dos grandes defensores da tese criacionista, “Aquele que afirma ser cético em relação a um conjunto específico de crenças é, na verdade, um verdadeiro crente em outro conjunto de crenças.” Para confirmar essa afirmação, hoje já existem acampamentos e até igrejas para ateus.