Introdução

Precisamos entender um pouco nossa civilização, que um dia foi chamada de cristã e que dia após dia torna-se um pouco mais anticristã.

Primeiro veio a liberdade de pensamento, de expressão, de religião. Cada um podia pensar o que quisesse, dizer o que bem entendesse, crer em qualquer coisa. E assim nosso mundo tornou-se um multiverso, com centenas de ideias e crenças diferentes e distintas. Nenhum problema. Até aqui, tudo bem.

De repente, alguém disse que o pensamento e as crenças do outro estavam erradas e que suas palavras também estavam errados. Então surgiram alguns e começaram a dizer que nada estava errado porque tudo era relativo. Não havia preto ou branco, só cinza. Bem ou mal dependia do conceito de cada um. Também não havia nenhuma certeza em religião alguma. Todas estavam certas.

Parecia uma boa saída para que religiões e opiniões diferentes pudessem caminhar juntas sem se chocarem. Todo mundo estava certo, não havia verdades absolutas para serem defendidas. Sem perceber, essa filosofia, chamada relativismo, matou a verdade onde quer que ela se encontrasse. A verdade é absoluta por sua própria natureza. É como a esfericidade do globo ou a redondeza do círculo. Se tirarmos o absoluto da verdade não existe mais nada.

O cristianismo se sustenta sobre o fato da verdade absoluta. Suas afirmações são definitivas. Jesus é a Verdade com “V” maiúsculo e não uma entre tantas verdades que temos por aí. Só Nele há salvação e em nenhum outro (Atos 4.12). A Bíblia é a Palavra de Deus, onde a estrutura da realidade é devidamente representada e suas normas morais são indiscutíveis e definitivas. Os mandamentos de Deus são o fundamento absoluto do certo e o do errado.

Com o relativismo nossa sociedade pluralista foi se tornando cada dia menos cristã e agora vai se tornando cada dia mais anticristã. Os valores morais e espirituais do cristianismo, por serem absolutos, vão sendo sufocados por políticas estatais que não se ajustam a tal relativismo. Pelo menos em três áreas isso é visível.

Não poderemos lidar nesta disciplina exatamente da mesma forma que lidamos com outras. O relativismo é algo muito fluído, plástico, indeterminado. Não se limita a um grupo ou uma ideologia. Pode permear qualquer espaço do pensamento, influenciar religiões, doutrinas, ideologias, comportamentos, atitudes. Tendo desejado fugir do dogmatismo medieval e mesmo iluminista, os relativistas foram para o outro extremo e tem tornado a vida e o pensamento indefinidos em qualquer sentido. Ao invés de trazer a paz esperada, traz confusão mental e intelectual. Cria pessoas que não têm qualquer convicção ou certezas. Tudo torna-se incerto e inseguro.

Não apenas a moralidade ou a religião foram atingidas por essa moldura flexível e informe. Toda a vida foi por ela atingida. Na verdade, ela transformou as convicções em algo reprovável, como se as pessoas que tivessem certezas fossem verdadeiros doentes mentais. Basta olhar para o cristianismo conservador. Você é aceito se reconhece como verdadeiras todas as religiões. Porém, ao afirmar algo como “Só Jesus salva” ou “A Bíblia é a inerrante Palavra de Deus”, então será um fundamentalista, um indivíduo tão perigoso quanto um homem bomba.