Introdução

Mais do que uma heresia, mais do que uma seita, mais do que uma religião, o Movimento Nova Era (MNE) é uma ação ampla e penetrante que procura alterar toda a cultura da sociedade. Não se trata de inserir uma ideia, mas de reformular todas as ideias existentes. Pode adquirir diversas formas, discursar de modos diferentes, conforme a necessidade. Não possui um credo único absolutamente definido, o que lhe possibilita abrigar em seu seio conceitos aparentemente contraditórios e ainda assim utilizar-se de todos eles para atingir os seus objetivos. Não tem uma sede ou organização única. Não apresenta um pensamento instituído ou algum tipo de regimento interno que permita defini-la facilmente.

Apesar disso, suas ações e efeitos são bastante visíveis. Quando as transformações por ela planejadas chegarem ao seu auge, ninguém poderá dizer que se tratou de um movimento clandestino, isolado e oculto. A maior parte das atividades da Nova Era estão sendo postas em prática bem diante de nossos olhos. Como escreveu Erich Kahler, em seu livro Qué es la historia?: “Não há erupção cataclísmica na história, que não haja crescido subterraneamente, durante longo tempo, em etapas bem conhecidas e discerníveis”.

De fato, muitas práticas e conceitos divulgados pela Nova Era não são necessariamente novos. Todavia, foram de tal modo entrelaçados para fazer frente à cultura judaico-cristã e ao cristianismo em particular, que é como se fosse algo totalmente novo. Sua capacidade de influenciar e moldar a sociedade é tão forte como a capacidade das grandes religiões mundiais.

Sobre isso, Olavo de Carvalho, filósofo brasileiro, escreveu em seu livro A Nova Era e a revolução cultural: “O movimento da Nova Era não é uma simples moda, que se possa adotar e abandonar à vontade, com a despreocupação de quem troca de roupas. São propostas de imensa envergadura, que, uma vez aceitas, mesmo implicitamente, mesmo informalmente, mesmo hipoteticamente, levam a consequências de alcance incalculável. Essas consequências não pouparão, decerto, aqueles que tiverem aderido às suas causas por mero passatempo, sem uma clara consciência das responsabilidades em jogo. Não pouparão ninguém que esteja dentro do seu raio de ação. E todos nós estamos.”

Como disse o jornalista especializado em assuntos religiosos do Los Angeles Times, Russell Chandler, “a Nova Era já afetou você: a música que você ouve, os produtos que você compra, os programas de televisão e os filmes que você assiste, os artigos que você lê e até a maneira como você pensa.”

O ocidente “cristão” tem sido invadido ou mesmo submergido por uma série de cultos, crenças e práticas originárias tanto da Índia, quanto da China, Japão, Tibet, etc. “Deuses” muito estranhos estão presentes na cultura ocidental. Basta olharmos ao nosso redor e veremos que em pensamentos e práticas o oriente nunca foi tão forte no ocidente. Embora nem tudo seja responsabilidade da Nova Era, boa parte é. De qualquer forma, essa sedução oriental é extremamente útil para o movimento.