Introdução

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O que é filosofia?

“A vida sem reflexão não merece ser vivida.” (Sócrates)

Definindo filosofia

Segundo Michaelis, filosofia é o “estudo geral sobre a natureza de todas as coisas e suas relações entre si: os valores, o sentido, os fatos e princípios gerais da existência, bem como a conduta e o destino do homem. Sistema particular de um filósofo. Conjunto de doutrinas de uma escola ou época. Sabedoria de quem suporta com serenidade os acidentes da vida: suportar com filosofia os infortúnios”.

Estas definições estão longe de esgotar todo o conteúdo do significado desta palavra. Estamos tratando de uma ciência-mãe de todas as ciências, de um conhecimento que se relaciona com todos os conhecimentos. Mesmo quem ignora seu sentido, a usa. Quem despreza a filosofia, também tem uma filosofia. Quem se dedica a ela, sabe que seus limites são desconhecidos. Ela abrange desde a “filosofia de botequim”, aquela postura diante da vida repulsiva à maioria, até aquela que utiliza termos próprios, extremamente técnicos, que parecem um emaranhado de palavras sem sentido e sem proveito.

A palavra “filosofia” foi utilizada pela primeira vez por Pitágoras, por volta do século 6o a.C., quando se dá a passagem do mundo mítico para a consciência racional. Nessa época, surgem os primeiros sábios (sophos, em grego), principalmente nas cidades jônicas que estabeleceram relações comerciais com o Oriente.

Podemos dizer que a civilização ocidental foi formada por duas correntes de pensamento: a profecia hebraica e a filosofia grega. Platão e Moisés formaram a base de toda a nossa cultura, em um processo que já dura milênios. Estes dois fluxos se encontraram no início da Era Cristã, influenciando-se mutuamente, às vezes de forma positiva e outras, de forma negativa. Algumas vezes de forma bem próxima e outras, se distanciando, a ponto de se tornarem inimigas, sem notar que tanto uma quanto a outra haviam sido transformadas pelo contato.

Não que a filosofia seja apenas aquela nascida na Grécia, que teve em Sócrates, Platão e Aristóteles o seu ponto mais alto. Embora os gregos tenham inventado o vocábulo, cada povo teve sua própria filosofia, sua maneira de analisar a realidade ao seu redor e buscar relacioná-la. Chineses, árabes, hindus… Cada grupo étnico utilizou sua inteligência para penetrar no âmago das coisas, buscando explicar e interpretar o Universo.

Os gregos, porém, foram os mais penetrantes, os mais sistemáticos, os mais dedicados à arte do pensamento e fizeram da filosofia sua principal característica. A Judéia produziu homens inflamados pelo zelo divino. A Grécia deu à luz pensadores apaixonados pelo raciocínio. De uma veio o espírito, da outra, a mente do Ocidente. Depois de séculos sob estas influências, é difícil distinguir sua abrangência.

É dentro deste contexto que vamos analisar a filosofia e seus efeitos dentro da história do pensamento ocidental. Não apenas dentro do pensamento, mas dentro do próprio processo histórico, que esteve sempre atrelado a pensadores que utilizaram a filosofia e seus elementos para mudar o homem e a sociedade.

Segundo a filósofa Marilena Chauí, poderíamos definir a filosofia de quatro formas gerais. E, embora essas definições não esgotem todo o seu sentido, pelo menos nos dão uma idéia dos focos envolvidos. As duas primeiras definições têm um sentido mais laico, mais comum. As duas últimas partem para um sentido mais técnico. De qualquer forma, podem ser aplicadas à filosofia:

  • Cosmovisão de um povo, de uma civilização, ou de uma cultura.

Corresponderia, de modo vago e geral, ao conjunto de práticas, idéias e valores pelos quais uma sociedade apreende e compreende a si mesma.

  • Sabedoria de vida.

Neste caso, a filosofia é identificada com algumas pessoas que pensam sobre a vida moral, dedicando-se à observação do mundo e de outros seres humanos para aprender a controlar seus desejos, sentimentos e impulsos e dirigir a própria vida de modo ético e sábio.

  • Esforço racional para conceber o Universo como uma totalidade ordenada e dotada de sentido.

Nesta definição, atribuí-se à filosofia a tarefa de conhecer a realidade inteira, provando que o Universo é uma totalidade, isto é, algo estruturado ou ordenado por relações de causa e efeito, e que essa totalidade é racional, ou seja, possui sentido e finalidade compreensíveis pelo pensamento humano.

  • Fundação teórica e crítica dos conhecimentos e das práticas.

Ela seria responsável por fornecer uma base sólida ou um alicerce sobre o qual se pode construir com segurança. Do ponto de vista do conhecimento, significa a base ou princípio racional que sustenta uma definição verdadeira.