Introdução

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Esta matéria tem como objetivo trabalhar conceitos presentes na teologia e na filosofia e cruzar informações partindo das perspectivas de cada uma delas. É um estudo sobre as questões da “filosofia da religião”. Para isso, teremos de começar tratando de elucidar conceitos tanto da filosofia quanto do fenômeno religioso.

Nesta dinâmica, temas existenciais profundos e questionamentos que perseguiram a humanidade desde os primórdios serão discutidos e colocados em destaque. Isso se torna necessário pelo fato de as duas disciplinas tratarem de buscar respostas contundentes aos enigmas da história humana.

A matéria “filosofia da religião” nasce de uma tentativa de justificar racionalmente a religião (um princípio tomista, como veremos adiante). Isso não é ofensivo à fé e muito menos significa que exista uma tentativa de reduzir a religião ao nível racional. É simplesmente um esforço para que a razão e a fé possam caminhar juntas e respondam a estas perguntas em regime de cooperação.

No início da era da Igreja, a filosofia não era vista com bons olhos, o que acontecia, principalmente, por causa dos gnósticos do primeiro século. Pensadores da cultura helênica tentavam fazer uma associação entre conhecimento e salvação. Ou seja, os mais sábios eram os que alcançavam o favor divino. O incômodo se dava porque essa teoria era um grande entrave à pregação do evangelho, cujo teor de sua mensagem era a graça (favor não merecido).

Com o passar dos séculos, surgiu a idéia de que a filosofia sempre era raiz de heresias e desvios para os que se encontravam na sã doutrina (ou para os que pretendiam se enveredar por ela). Por esse motivo, a filosofia enfrentou a resistência de alguns cristãos do primeiro século. Anos depois, alguns mestres da Igreja primitiva esboçaram um diálogo entre a filosofia e a teologia (religião), percebendo que ambas tinham muita coisa em comum.

Hoje, temos certeza que esta “parceria” é bem-vinda, uma vez que as duas trabalham com conceitos semelhantes, perguntas semelhantes e apresentam grande interesse pelo exercício mental, pelo ato de pensar. Filosofia e religião podem, definitivamente, caminhar juntas e concentrar esforços.

Os temas a serem discutidos estão (e sempre estiveram) nas rodas de discussão dos pensadores e nas obras escritas por grandes filósofos da humanidade: a existência de Deus, o problema do mal, o conhecimento da verdade, a conciliação entre fé e razão, entre outros temas.

Durante toda a história houve um esforço humano por elaborar sistemas de pensamento que tratassem destes temas de relevância reconhecida. Essas tentativas acabaram por se tornar obras literárias de grande valor para o pensamento humano, pois registram a forma como os filósofos de determinada época tentavam explicar e lidar com esses questionamentos que influenciavam a humanidade em seus dias.

Esses pensadores agrupavam suas idéias em obras que levavam em consideração toda a forma de pensar de uma época, realçando alguns aspectos relevantes para seus dias e deixando de lado outros que não causavam tantos incômodos. A importância de se considerar cada filósofo e seu contexto é a visão que podemos ter a respeito de como a sociedade de seus dias encarava a realidade da filosofia e, particularmente, da religião.

Esta será, em resumo, a forma de se comparar as teorias e os sistemas de pensamento. O que se pretende obter ao final desse estudo é um material básico a respeito das questões mais elementares da “filosofia da religião”, um estudo a respeito das conclusões que alguns grandes nomes da humanidade tiraram sobre o assunto e das perspectivas cristãs quanto a toda esta discussão.

Como objetivo último há uma preocupação em situar o aluno na história da formação do pensamento ocidental e fazê-lo compreender a forma como a mente do homem moderno funciona. Outra contribuição que o módulo pretende dar está relacionada à formação de cristãos que entendem a fé e a filosofia e se sentem capacitados a dialogar sobre as questões que envolvem tanto uma quanto a outra.