Introdução

Download

Há dois mil anos, surgiu um homem na pequena Galileia, região da Palestina, que, embora nunca tivesse frequentado uma universidade de psicologia, reuniu em torno de um único sermão — o “Sermão da montanha” — o antídoto perfeito para as doenças da alma, palavras que nem mesmo todas as teorias de Freud e Jung, juntas, poderiam se equiparar. Jesus Cristo falou de muitas coisas, proferiu vários sermões e realizou inúmeras obras (Jo 21.25).

No entanto, nenhuma destas coleções de “logias”, como eram chamadas as palavras de Jesus, foram escritas por ele mesmo. Esta tarefa coube aos seus discípulos.

Os evangelhos de Mateus e João foram escritos por testemunhas in loco dos principais eventos da vida, obra, morte e ressurreição de Jesus. Já os evangelhos de Marcos e Lucas foram escritos por terceiros, que não conviveram diretamente com Cristo. Lucas afirma que compôs seu evangelho depois de ter feito uma acurada pesquisa por meio de testemunhas oculares e o colocou em ordem sistemática (Lc 1.1-4). Uma exceção se faz a Paulo, que não fazia parte do corpo apostólico, mas que recebeu todo o seu “evangelho” por revelação do próprio Jesus (Gl 1.12). Também podemos juntar ao apóstolo Paulo os dois irmãos de Jesus que compuseram duas epístolas do Novo Testamento: Tiago e Judas.

Depois de dois mil anos de esses fatos terem acontecido, é justo perguntar: “São dignos de crédito os livros do Novo Testamento? Podemos aceitá-los como narrativas historicamente confiáveis? Qual é a relação dos ensinamentos contidos no Novo Testamento com sua fidelidade histórica? Essa relação teria alguma importância para a fé cristã?”.

Como estudantes de teologia, devemos acatar as palavras de Judas e Pedro e agir como verdadeiros apologistas da “fé que de uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd v. 3), para que possamos estar sempre preparados para responder com mansidão e temor e, acima de tudo, de maneira racional a todo aquele que pedir a razão da esperança que há em nós (1Pe 3.15).

Nesta disciplina, trataremos de assuntos de grande relevância dentro do contexto da apologética clássica. Examinaremos as críticas que frequentemente são levantadas contra o Novo Testamento, tais como: “Por que o Novo Testamento é considerado um mito por alguns críticos? Podemos encarar a maioria de suas passagens como fatos históricos ou simplesmente alegóricos? Os milagres de Cristo, chamados tecnicamente pelos críticos de novelas, registrados nos evangelhos realmente existiram ou foram invenções de cristãos posteriores?”.

Abordaremos questões cruciais para o cristianismo ortodoxo como, por exemplo, a historicidade do Novo Testamento, os evangelhos, Jesus e seus “problemas”, tais como: o Jesus histórico versus o Jesus da fé, seus milagres e ressurreição. Também veremos quais os critérios usados pelos críticos para invalidar o Novo Testamento como documento autenticamente confiável e suas respectivas refutações.