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Os casamentos permanecem na vida após a morte?

É um fato que direcionamos o curso de nossas vidas segundo nossas crenças, segundo o que temos por certo, segundo nossa cosmovisão. Todos fazemos isso com maior ou menor grau de consciência, mas, em algum nível, nossa cosmovisão afeta nossas decisões incisivamente. Isso fica muito evidente diante de um acontecimento pouco ortodoxo, que se desenrolou numa província tailandesa chamada Surin, no dia 4 de janeiro deste ano. Neste local, um jovem tailandês chamado Chadil Deffy, inconformado com a morte precoce da noiva, resolveu casar-se com ela mesmo após quatro dias da morte dela, que se deu no revélion.

Este evento insólito que foi contemplado pela mídia local e largamente divulgado no Facebook reflete a cosmovisão budista da qual Chadil é adepto, a crença de que as almas de um casal permanecerão unidas perpetuamente, num casamento eterno. Acontece que o ocorrido na distante Tailândia é apenas uma repetição de uma cosmovisão similar, muito mais familiar a nós. Tal cosmovisão é expressa na doutrina mórmon chamada Selamento Eterno. Esta doutrina preconiza que o casamento é uma instituição divina e, como tal, deve ser perpétuo, prolongando-se para a eternidade. Na verdade, este pensamento mórmon abrange também a família e postula que a unidade e o vínculo familiar deve permanecer, inclusive, após a morte dos membros.

Certamente, todos nós possuímos cosmovisões, entretanto, o que alimenta nosso amadurecimento é justamente nossa disposição em investigar nossa cosmovisão submetendo-a à análises críticas e, quando necessário, tendo coragem de admitir falhas e tomar desvios estratégicos. Diante disso, e sabendo que o amadurecimento é fundamental a todo ser humano, é necessária uma análise da doutrina mórmon acerca do Selamento Eterno.

Antes de mais nada, precisamos descobrir sobre o que uma doutrina está fundamentada a fim de julgarmos seu grau de confiabilidade. Por exemplo, se a mídia mundial repentinamente divulgasse que as nuvens do céu contêm resíduos de açúcar, tal afirmação teria para nós pesos completamente diferentes, caso descobríssemos que esta afirmação foi baseada na dedução de uma criança, ou em estudos científicos respaldados por diversas universidades ao redor do mundo. No caso em questão, os adeptos do mormonismo sustentam esta doutrina com base em alguns fatores: (I) o pressuposto da infalibilidade e autoridade profética de Joseph Smith, falso profeta, fundador da religião mórmon, (II) o texto de Mateus 16.19 e (III) a abordagem hermenêutica.

Sobre o pressuposto da autoridade profética de Joseph Smith, não é necessário deliberar muito para expôr o engano de tal premissa, então seremos breves sobre isso. O chamado de Joseph iniciou com uma suposta revelação especial de Deus, algo que por si só, já é incriminado pelo fato de que nenhuma outra revelação do verdadeiro Deus poderia se suceder ao Cânon Sagrado, depois de completo (Is 8.20; 2Pe 1.19; Gl 1.8; 2Ts 2.2). Caso não fosse assim, cada um de nós poderia alegar novas revelações o tempo inteiro e não haveria nada que pudesse cabalmente definir uma ou outra como verdadeira. Consecutivamente, nesta revelação especial, Deus disse a Joseph que o verdadeiro evangelho havia desaparecido desde os tempos apostólicos e que todas as denominações existentes eram corruptas em relação à verdade e, portanto, deveriam ser rejeitadas por quem quer a salvação. Tal afirmação revelada, no entanto, é esmagada pela quantidade e peso das afirmações bíblicas que o Senhor já nos deixou (1Co 1.2; 12.12,13; Sl 2.8), constituindo-se então numa inconsistência total. Deus não vendeu os direitos de sua obra salvadora a um indivíduo ou grupo específico, antes, a salvação pertence somente a Ele (Jn 2.9). Para resumir, a totalidade do conteúdo da suposta revelação divina a Joseph entra em contradição clara com toda a revelação bíblica.

Sobre o texto de Mateus 16.19, uma breve análise também é mais do que suficiente para refutar a interpretação mórmon de que “o que ligares na terra será ligado no céu” refere-se à autoridade dada por Cristo a Pedro (e aos ministros mórmons) de selar eternamente casamentos realizados nesta terra. Ora, basta prestarmos o mínimo de atenção ao contexto para entendermos do que estava falando Jesus naquele momento. A chave para interpretarmos o versículo 19 está nos versos 15 e 16, os quais tratam da messianidade de Jesus. Todo o contexto do versículo 15 até o 19 nos mostra, escancaradamente, que a messianidade de Jesus representa a salvação do mundo e que a verdade sobre a qual falou Pedro (que Jesus é o próprio Deus) é o fundamento principal da Igreja. Neste ponto, Jesus fornece a Pedro e aos outros apóstolos (Ef 2.20) as “chaves do Reino”, ou, em outras palavras, algo que abrirá a porta do Reino para as pessoas, algo que mostrará o Reino a elas. Então, as “chaves do Reino” nada mais são do que a incumbência da pregação do Evangelho e o poder para realizá-la. Afinal, a conversa que estava se desenrolando era justamente sobre o papel do Messias no mundo. Quando então, Jesus outorga a autoridade a seus discípulos de “ligarem e desligarem” esta chave, isto não se refere ao casamento (que nem sequer chegou perto de fazer parte do assunto), mas, em última análise, à autoridade da Igreja de pregar o evangelho “abrindo as portas do Reino” e de disciplinar a comunidade crente “fechando-lhes as portas do Reino”.

Tal conclusão nos leva, finalmente, à abordagem hermenêutica dos mórmons. E o problema é: ela não é consistente. Como a maioria das heresias resulta da extração deliberada de versículos bíblicos de seu contexto, a heresia do Selamento Eterno não é diferente, e tal prática para com a interpretação das Escrituras denota uma intransponível falha na abordagem hermenêutica mórmom. A Bíblia deve interpretar a si mesma, porém isso só é possível se considerarmos o contexto no qual uma palavra ou frase está inserida. Este contexto pode ser representado pelo restante do versículo, pelo capítulo, livro ou pela totalidade da revelação, mas obrigatoriamente o contexto deve ser levado em conta.

Tendo analisado a base sobre a qual os mórmons se apoiam para justificar a doutrina do Selamento, resta-nos, por fim, delinear alguns pontos sobre a doutrina em si.

O Selamento Eterno é uma invenção humana completamente carente de base bíblica. Ela diz que os casamentos realizados em vida, quando ministrados no templo mórmom e por sua autoridade, duram para toda eternidade. Como verificamos que as bases sobre as quais a doutrina do Selamento não são, de modo algum, confiáveis, vejamos o que as Escrituras (tendo como premissa sua autoridade e consequente confiabilidade) nos dizem sobre tal doutrina.

O texto de Romanos 7.2 nos diz que a mulher está sujeita ao marido enquanto ele viver, mas quando o marido morre, ela está livre de seguir a lei que a prende ao marido. Embora este texto enfatize outro assunto (aqui, o apóstolo Paulo fala que, como morremos para a lei, não estamos mais presos a ela), neste versículo está implícita a ideia de que os casamentos finalizam nesta terra. Além disso, Jesus, ao versar sobre a lei do levirato, diz que na eternidade as pessoas são como anjos, não se casam (Mt 22.30).

Como foi dito, todos nós temos uma cosmovisão. A questão que nos deve ser pertinente é se seremos responsáveis e procuraremos desenvolver nossa visão sobre o mundo (ainda que representado numa única ideia) ou se aceitaremos de forma acrítica nossas percepções e conclusões. Aceitá-las passivamente é o que faz pessoas como Chadil Deffy e grupos inteiros como os mórmons, ignorarem verdades muito mais bem amparadas, tendo sido testadas pela lógica, pela filosofia e pelo tempo, e permanecerem num estado de engano, cegos para a luz que as Escrituras nos trazem.

Comentário

  • Jobel Serra
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    não acredito como os mormons ..tambem não acredito como as testemunhas de jeova..mas tenho meu proprio conceito fundamentado apartir do genesis indo por toda biblia,o plano original de genesis não sera substituido…o capitulo 1 de genesis diz que tudo que Deus criou era bom até a entrada do pecado que é a origem de todo mal e que vem direto do coração de satanas para o mundo criado por Deus sendo bom.Deus criou o casamento antes do pecado, esse é o primeiro ponto a ser abordado , e depois o outro ponto a ser abordado é se tudo que Deus criou é bom porque ELE mudou?enfim creio diferente do que esta no artigo pois até o texto citado sobre Jesus tem um outro sentido nos originais…e só pra finalizar a palavra bom traduzida para nós no original hebraico significa perfeito.Deus abençoe a todos.

    • maria morais

      Concordo cm vc irmão tudo q Deus fez é bom .e sera eterno

    • Marco

      Não poderia ser mais perfeito seu comentário, enquanto estava lendo o texto pensei sobre Adão e Eva, então se tudo era perfeito, e foi a queda que destruiu, agora Deus muda o plano e homem e mulher viram anjos, o homem e a mulher não são mais para companhia um do outro na eternidade como era desde o principio, e o sexo não é mais uma caracteristica eterna do espirito imortal como era no começo quando Deus fez Adão homem é Eva mulher para que completassem um ao outro ?

  • Waldecy Antonio Simões
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    Segundo a paupérrima sabedoria dos clérigos católicos que, insultando gravemente o Senhor Deus, “lixaram” das Rochas Sagradas das leis do Monte Sinai, da Arca da Aliança, DUAS dessas leis a favor de suas doutrinas lotadas de erros no insólito Catecismo, acreditam e propagam que LOGO APÓS A MORTE, o espírito do que faleceu vai ser julgado PARTICULARMENTE e, se merecer, vai direto para o Céu de Deus, mas se abusou dos pecados graves que cometeu e não se arrependeu, vai direto para o INFERNO ETERNO, mas se não pecou com alta gravidade, ou se arrependeu de seus pecados, vai direto para tal Purgatório inventado, pois NÃO EXISTE NO EVANGELHO.

    Mas a VERDADE DE DEUS NOS REVELA BEM DIFERENTE DISSO, pois o Evangelho, em 1 Tessalonicenses 4:13 e seguinte e 1 Coríntios 15:51 e seguintes, principalmente também segundo Jesus em JOÃO 14:1 A 3, também em Daniel, ESTÁ REVELADO QUE TODOS OS MORTOS DORMEM e só serão acordados no Grande Dia da Volta de Jesus, quando receberão o INEFÁVEL PRÊMIO ou castigados segundo os mistérios do Senhor Deus. Pelo menos, no Grande Dia da Volta de Jesus, vão diretos para o INFERNO ETERNO, segundo o Apocalipse Satanás e seus anjos, os Anti-cristos, a Bestas e o Falsos Profetas, e os demais pecadores ficam por conta do Julgamento Final.

    “Tu, porém, vai até ao fim; porque descansarás, e te levantarás na tua herança, no fim dos dias”. Daniel 12:13, , onde revela que também Daniel só alcançará o reino de Deus no Grande Dia de Jesus! Até lá, também o Daniel de Deus vai continuar dormindo

    Quem são os anti-cristos? Ora, todos aqueles que se colocaram contra o Filho de Deus e seus preceitos; todos aqueles que escreveram barbaridades contra Jesus em tantos e tantos livros e filmes, sendo um deles colocando Jesus como um reles homossexual que transava com seus apóstolos ou que transava com Maria Madalena e teve filhos com ela, Inferno Eterno para esses, segundo revela a Palavra de Deus Escrita.

    “E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre”.
    Apocalipse 20:10

    Quem são as Bestas do Apocalipse? Fácil demais responder. Quando, no século 13, os papas romanos construíram seus próprios palácios, se deram licença para matar, torturar, tomar os bens familiares dos acusados de “heresias”, e que pelo Concílio de Toulouse – 1229, proibiram completamente a leitura da Bíblia ou de trechos dela e proibiram qualquer tradução para as línguas nativas e, quando, para terminar o altamente suntuoso Vaticano, venderam lugares eternos no Reino de Deus (que loucura satânica) a quem pudesse pagar bem e, com todo o poder temporal, escudados por seus exércitos armados e pelos Cruzadas do mal, todos eles colaboraram para queimar ou enforcar vivas centenas de milhares de pessoas na Antiga Europa. Portanto, os papas romanos são as verdadeiras Bestas do Apocalipse.e, segundo o mesmo Livro, eles não têm salvação. (O julgamento deles todos, do Vaticano como um todo, se inicia no Apocalipse 16:19 e só termina no capítulo 19)

    Quem são os falsos profetas, o terceiro grupo a ir direto para o Inferno após o Julgamento Final? São todos aqueles que tentaram corromper, perverter a Religião da Graça e do Amor de Jesus, por todos tempos, ESPECIALMENTE AGORA, com os falsos pastores que estão levando a descrença até nas congregações evangélicas mais decentes, fundando novas “congregações” com o objetivo ÚNICO de se enriqueceram cada vez mais, e digo que são todos os pastores famosos da TV e outros mais que só Deus sabe. Esses todos ZOMBARAM e zombam DE DEUS preferindo o poder e o dinheiro, que nesse caso é maldito.

    Mas segundo o Evangelho, por enquanto, desde Adão e Eva, não há uma só alma humana no Reino de Deus, muito menos “santas” e “santos” católicos mortos. Confira no meu blog:

    Por enquanto não há uma só alma da Terra no Reino de Deus
    http://naohaumasoalmanoreinodedeus.blogspot.com.br/ Se não abrir, copie o HTTP e cole no navegador
    Waldecy Antonio Simões walasi@uol.com.br

  • José Eduardo Lopes França
    Responder

    Vivemos em uma sociedade descrente e cheia fantasias no que diz respeito a crença em Deus, acreditam tanto em heresias por conta das facilidades que elas apresentam, sem regra, sem cobranças, mas também sem planos para salvação, sabemos que para andarmos com Cristo temos que renunciar muitas coisas, e viverem novidade de vida, sentir a liberdade que só Jesus pode dar e o gosto na alma isso não tem presso.

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