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Metodologia

Metodologia Científica de Pesquisas

Apesar da abundância de informações relativas à Metodologia Científica de Pesquisas (MCP) e da ampla disponibilidade de tal conteúdo, não é raro nos depararmos com certa dificuldade para sintetizar o aparato metodológico e científico, ou organizá-lo de modo mais direto, conciso e pontuado, pronto para a consulta.

Visando suprir essas dificuldades e endereçar os principais pontos da Metodologia Científica de Pesquisas, propomos um resumo que abordará, da maneira mais concisa e objetiva possível, essa disciplina acadêmica em tópicos específicos.

Vale sublinhar que este artigo tem validade para qualquer pessoa ou aluno de graduação que precise de um ponto de pesquisa rápido e objetivo sobre a Metodologia Científica de Pesquisas. Dessa forma, qualquer estudante, de qualquer instituição, e de qualquer curso, que necessite de um apanhado sobre tópicos selecionados da Metodologia Científica de Pesquisas – os quais serão mostrados ao longo do artigo – encontrará aqui um aliado bastante conveniente.

Ainda, é importante adiantar que excluiremos da discussão explicações voltadas a formatação e apresentação gráfica dos textos, entre outros assuntos normalmente dispostos em uma obra completa sobre o tema. Embora pertencentes ao campo da Metodologia Científica de Pesquisas, a proposta deste artigo se restringe a determinadas orientações, sobretudo válidas para as exigências de Trabalhos de Conclusão de Cursos (TCC).

Vamos, assim, às fundamentais orientações metodológicas e científicas requisitadas para o trabalho acadêmico.

Metodologia Científica de Pesquisas – Definições iniciais

Quando falamos em “pesquisa”, em “pesquisador”, em “trabalhos acadêmicos” ou em uma “metodologia de pesquisa”, que faça jús ao necessário caráter científico dos trabalhos numa graduação, utilizamos diversos termos que, a despeito da inerente inteligibilidade, serão definidos; e essas definições objetivam uma boa comunicação entre alunos e professores, sem ambiguidades e com a precisão desejada.

Uma pesquisa é, basicamente, a busca de respostas para determinados questionamentos. E ela compreende, não somente a ação da pesquisa, mas os métodos para levá-la e efeito. Minayo (1993, p.23) caracteriza a pesquisa como :

(…) atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta da realidade. É uma atitude e uma prática teórica de constante busca que define um processo intrinsecamente inacabado e permanente. É uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados.

Não faltam definições para a palavra “pesquisa”, mas todas elas, em última análise, irão enfatizar a ação e os métodos para a busca de respostas a indagações propostas.

O método, simplesmente falando, é a maneira de se fazer as coisas. Mais precisamente, é o “conjunto dos meios dispostos convenientemente para alcançar um fim e especialmente para chegar a um conhecimento científico ou comunica­-lo aos outros” (MICHAELIS).

Por sua vez, o método científico é a linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa, e é pautado por determinados critérios, para que, por estes mesmos critérios, possa ser posto à avaliação e crítica.

Assim, a metodologia científica de pesquisas é o estudo ou a aplicação dos métodos e critérios científicos à busca direcionada de respostas para certa indagação.

Canais de comunicação na pesquisa científica

No empreendimento de uma pesquisa são utilizados canais formais e informais de comunicação. Cada uma dessas categorias possui suas próprias características, limitações e propósitos. Entretanto, adiantamos antecipadamente que, embora ambos os canais sejam utilizados durante uma pesquisa, somente os canais formais de comunicação podem ser averiguados e, por isso, somente eles podem conferir a devida credibilidade à pesquisa.

Canais informais de comunicação

São aqueles caracterizados por contatos pessoais, conversas telefônicas, emails, grupos de discussão (virtuais ou não), enfim, empregam qualquer tipo de contato pessoal e, apesar de colaborarem para o direcionamento e construção da pesquisa (ao menos em suas etapas iniciais), não podem ser verificados posteriormente, haja vista não terem sido publicados. São canais seletivos, isto é, há uma seletividade deliberada em relação aos interlocutores; não estão abertos à participação de qualquer pessoa, mas só os participantes envolvidos têm acesso a tais canais, bem como ao controle de quem participa ou não.

Por exemplo, ao iniciar uma pesquisa sobre determinado assunto, um aluno se encontra com um professor de sua faculdade para deliberar sobre o tema com o qual se envolverá. O estudante, após a conversa com o professor, certamente estará mais cônscio sobre o tema, mais perto de estabelecer um problema específico sobre o tema (falaremos adiante sobre isso) e com certeza mais informado e direcionado para continuar sua pesquisa. Entretanto, uma conversa informal como a que se sucedeu não pode ser averiguada posteriormente de maneira oficial. Ela não está publicada em um livro, em um artigo ou registrada por uma editora. Antes, ela foi registrada pelo aluno em sua memória e, provavelmente, em anotações particulares. Mas nada disso é verificável oficialmente.

Portanto, os meios informais de comunicação desempenham um papel importante no processo da pesquisa, mas não podem ser controlados nem posteriormente averiguados. São pessoais e direcionados.

Canais formais de comunicação

Os canais formais de comunicação, opostamente aos informais, caracterizam-se pelo fato de a informação a ser pesquisada encontrar-se disposta em forma de livros, periódicos, comunicações escritas em encontros científicos, etc. Sua característica principal é o fato de constituir-se de comunicações publicadas, que podem ser e são posteriormente verificáveis.

Nos canais formais de comunicação, portanto, a informação se mostra pública, e não evidencia-se direcionada nem controlada a determinados ambiente ou interlocutores.

Como foi dito, o fato de os canais formais de comunicação serem denotados pela publicidade e pelo caráter oficial de sua informação faz com sejam preferidos para o estabelecimento da bibliografia da pesquisa. Em outras palavras, embora o pesquisador faça uso de ambas as categorias de canais informativos, suas afirmações e conclusões somente poderão ser respaldadas nas informações provenientes dos canais formais de comunicação.

Tipos ou categorias de pesquisa

Existem vários tipos de pesquisa, que são classificados quanto a sua natureza, forma de abordagem do problema, objetivos visados e procedimentos técnicos.

Quanto à sua natureza, a pesquisa pode ser:

  • Básica: busca a agregação de novos conhecimentos para a ciência, sem, contudo, prever uma aplicação prática para eles. Envolve interesses universais.
  • Aplicada: busca a aquisição de conhecimentos visando sua aplicação imediata a fim de resolver problemas que já se fazem presentes. Envolve interesses locais.

Quanto à abordagem de seu problema, a pesquisa pode ser:

  • Quantitativa: procura traduzir em números os dados pesquisados; aborda as informações sempre buscando quantificá-las e, para isso, utiliza técnicas que possibilitem a análise quantitativa de dados, como as estatísticas, por exemplo.
  • Qualitativa: procura, geralmente de forma indutiva, o significado dos dados pesquisados, sem se focar no problema quantitativo. Obviamente este tipo de pesquisa não requer o uso de métodos e ferramentas da matemática. O processo e seu significado são os focos principais de sua abordagem.

Quanto aos objetivos visados, a pesquisa pode ser:

  • Exploratória: procura – através de levantamentos bibliográficos, análises de caso, entre outras ferramentas – suscitar uma maior familiaridade com o problema visando torná-lo explícito.
  • Descritiva: busca descrever as características do objeto pesquisado (geralmente determinada população ou certo fenômeno), estabelecendo relações entre os dados. Depende do uso de técnicas de coletas de dados, como questionários, observações sistemáticas, entre outros. Geralmente, o procedimento chamado Levantamento (vide adiante) é que é utilizado aqui.
  • Explicativa: busca identificar os fatores que contribuem para a ocorrência dos fenômenos, ou que os determinam. Em suma, este tipo de pesquisa aprofunda o conhecimento da realidade uma vez que visa expor a razão das coisas, o “porquê” delas. Quando realizada nas ciências naturais, requer o uso do método experimental, ao passo que se vale do método observacional quando aborda as ciências sociais.

Quanto aos procedimentos técnicos utilizados, a pesquisa pode ser:

  • Bibliográfica: quando é elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de artigos científicos, livros, periódicos, etc.
  • Documental: quando é elaborada a partir de materiais que não receberam ainda tratamento analítico, ou seja, não foram analisados adequadamente por especialistas.
  • Experimental: quando, determinado um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo e definem-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.
  • Levantamento: quando a pesquisa se caracteriza pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer.
  • Estudo de caso: quando, a fim de conhecer detalhadamente certo objeto, seleciona-se um ou alguns de seus exemplares para estudá-los minuciosamente. Supõe-se o conhecimento do objeto a partir do estudo de exemplares dele.
  • Pesquisa Expost-Facto: contrastando com a pesquisa Experimental, a Expost-Facto se qualifica quando o “experimento” se realiza depois dos fatos.
  • Pesquisa Ação: quando concebida e realizada de modo intimamente ligado a uma ação ou a resolução de um problema coletivo.
  • Pesquisa Participante: quando se desenvolve a partir da interação entre investigadores e  membros das situações investigadas.

Por fim, é preciso esclarecer que as pesquisas realizadas não precisam, necessariamente, ser cerceadas pelas categorias listadas acima. Essas classificações não são rígidas, e uma mesma pesquisa pode estar, ao mesmo tempo, enquadrada em várias dessas categorias. O importante é que, uma vez enquadrada em determinada classificação, a pesquisa respeite seus critérios, restrições e diretrizes.

As etapas da pesquisa

Uma vez estabelecidas algumas definicões de pesquisa e determinadas as classificações pelas quais podem se apresentar, apresentaremos agora um escopo das etapas a partir das quais uma pesquisa se realiza. O conteúdo deste tópico é deveras prático, e deve ser compreendido, assimilado e aplicado pelos estudantes em suas pesquisas de final de curso, bem como em quaisquer pesquisas relevantes que intentem em suas vidas acadêmicas ou profissionais.

Normalmente, podem-se distinguir quatro etapas em uma pesquisa com rigor científico:

  • Etapa Decisória: momento no qual o aluno irá decidir-se sobre o tema a respeito do qual dissertará. Tão logo haja uma decisão sobre o tema, ainda nesta etapa o estudante precisará definir e delimitar o problema de sua pesquisa. Trata-se, na opinião de muitos, da fase de maior importância na execução da pesquisa, uma vez que uma pessoa somente conseguirá focar seus esforços para responder uma pergunta se ela souber de antemão exatamente que pergunta é essa. Logo adiante, falaremos mais sobre essa questão, mais precisamente sobre a problematização da pesquisa.
  • Etapa de Coletânea de Informações: refere-se à coleta de todas as informações disponíveis que, supostamente, tratem do tema escolhido e possam responder o problema previamente estabelecido, ao menos em algumas de suas hipóteses (ver adiante sobre as hipóteses). Nesta etapa, são aplicados os tipos de pesquisa previamente classificados por seus procedimentos técnicos.
  • Etapa Construtiva: refere-se à organização, triagem e análise das fontes coletadas na etapa anterior. Neste ponto, anotações prévias começam a ser feitas pelo aluno e pequenos protótipos de trechos do trabalho final podem começar a formar-se. Esta etapa também é conhecida como Etapa do Plano Provisório.
  • Etapa Redacional: refere-se à etapa na qual toda a pesquisa (ou ao menos 90% dela) começa a ser escrita formalmente para a entrega e avaliação. Reiteramos que, em todos os cursos de graduação, os trabalhos também são avaliados em seu aspecto ortográfico e sintático. Por isso, é de suma importância que os trabalhos, após terem sido completamente escritos pelos alunos, sejam enviados a um profissional das Letras para uma revisão e correção ortográfica. Somente depois de terem sido devidamente assegurados em seu aspecto linguístico, os trabalhos poderão ser enviados à instituição para a devida avaliação.

Um enfoque na Etapa Decisória

Pelo fato de a Etapa Decisória da pesquisa se constituir como uma das mais importantes, vejamos mais detalhadamente alguns dos elementos envolvidos nesta fase da pesquisa científica.

O tema da pesquisa

A Etapa Decisória de uma pesquisa, como dissemos, é caracterizada pela tomada de decisão em relação ao tema e ao problema a serem abordados. E é justamente nesta etapa da elaboração de uma pesquisa que muitos graduandos se mostram confusos. Cabe-nos, assim, começar definindo o que é um tema. Segundo o Dicionário Michaelis, um tema é um “assunto ou proposição de que se vai tratar num discurso”, e também, uma “matéria de um trabalho literário, científico ou artístico”. A pergunta mais fundamental que se pode fazer para se estabelecer um tema sobre o qual pesquisar é: “O que pretendo abordar em minha pesquisa?”, “Sobre o que quero falar?”

Outro aspecto relacionado à escolha do tema é o fato de que o tema é o tema de uma pesquisa, e uma pesquisa procura responder uma indagação proposta. Portanto, o tema de uma pesquisa deve ser um assunto resultante de uma indagação inicial, algo que chamaremos adiante de “problema”. Supondo que determinado aluno tenha um grande interesse pessoal em hermenêutica bíblica e, além disso, existe uma esfera dessa disciplina (hermenêutica) com a qual ele teve pouco contato e gostaria de explorar mais. Poderia ser, por exemplo, a hermenêutica de Santo Agostinho, um teólogo da era Patrística. Diante disso, este aluno poderia optar por trabalhar sobre a hermenêutica de Agostinho. A pesquisa que este aluno faria, consequentemente, não serviria apenas para compor seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), mas para satisfazer sua própria curiosidade e desejo de saber mais. Seu trabalho não seria apenas algo a ser desenvolvido para outrem, mas para ele mesmo. Dessa forma, o aluno mencionado no exemplo escolheu o tema de sua pesquisa: a hermenêutica de Santo Agostinho.

Ademais, haveria uma justificativa para a escolha do tema, algo de extrema importância no processo decisório da pesquisa. Com efeito, ao escolher um tema para pesquisa, o estudante deve se perguntar o porquê de estar escolhendo tal tema; e deve se questionar quanto à sua familiaridade com o tema, bem quanto à relevância dele. Em outras palavras, o aluno deve se perguntar se o tema possui importância suficiente para justificar as incontáveis horas que empregará em sua pesquisa.

O problema da pesquisa

No entanto, resta ainda um passo para estreitar a abordagem sobre o que se vai dissertar: a delimitação do problema. E o que é um problema, na linguagem da Metodologia Científica de Pesquisas? O problema, em linhas simples, é uma questão que a pesquisa pretende resolver. Já reiteramos que a pesquisa é a busca por resposta à dada indagação. Pois é justamente essa prévia indagação, chamada “problema”, que motivaria a pesquisa em primeiro lugar. O problema é a questão a ser resolvida pelo pesquisador dentro de determinado assunto (tema). De forma rude, poderíamos dizer que o problema é o que se vai dizer acerca do tema, a questão que o aluno vai resolver sobre certo tema ou assunto.

Partindo da premissa que toda pesquisa é ensejada por um determinado problema, também podemos facilmente concluir que, quanto melhor definido estiver o problema da pesquisa na mente do aluno, mais facilmente ele irá, objetivamente, executar sua pesquisa e, provavelmente, irá concluí-la com êxito. Vemos, assim, uma das evidências pelas quais a delimitação de um tema e de um problema deve ser buscada pelos alunos.

Outra evidência de que o enfoque preciso de um problema é o ponto crucial nos TCCs dos alunos se mostra no fato de que todo o desenvolvimento da pesquisa buscará, a todo o tempo, resolver o problema proposto inicialmente. Isso faz com que absolutamente todo o labor da pesquisa, em todo o tempo e em todas as suas etapas, esteja sujeito àquela pergunta inicial que se formulou na mente do pesquisador. Durante todo o processo da pesquisa, o aluno se esforçará somente para uma tarefa: resolver o seu problema. Essa concentração contínua de esforços na resolução do problema é que proporciona ao pesquisador o foco e a precisão requisitados em seu trabalho.

A escolha do problema de pesquisa

Muitos fatores determinam a escolha de um problema de pesquisa. Para Rudio (2000), o pesquisador, neste momento, deve fazer as seguintes perguntas:

  • O problema é original?
  • O problema é relevante?
  • Ainda que esse problema seja interessante, é adequado para mim?
  • Tenho possibilidades reais para executar tal pesquisa?
  • Existem recursos financeiros que viabilizem a execução de minha pesquisa?
  • Terei tempo suficiente para investigar tal questão?

As respostas a essas questões são determinantes na hora da decisão sobre qual problema abordar.

Exemplos de encadeamento entre o tema e o problema de uma pesquisa

Para melhor entendimento de como deve ser formulado um problema de pesquisa, observe os exemplos abaixo (MARTINS, 1994).

Assunto: Recursos humanos.

  • Tema: Perfil ocupacional.
  • Problema: Qual é o perfil ocupacional dos trabalhadores em transporte urbano?

Assunto: Finanças.

  • Tema: Comportamento dos investidores.
  • Problema: Quais os comportamentos dos investidores no mercado de ações de São Paulo?

Assunto: Organizações.

  • Tema: Cultura organizacional.
  • Problema: Qual é a relação entre cultura organizacional e o desempenho funcional dos administradores?

Assunto: Recursos humanos.

  • Tema: Incentivos e desempenhos.
  • Problema: Qual é a relação entre incentivos salariais e desempenho dos trabalhadores?

Dentro da área da teologia, alguns exemplos também podem ser dados:

Assunto: Homilética

  • Tema: Pregação expositiva.
  • Problema: Qual a relação entre a contínua pregação na modalidade expositiva e a maturação religiosa dos membros de uma comunidade eclesiástica?

Assunto: Cristologia

  • Tema: A natureza da encarnação.
  • Problema: De que modo o Logos eterno assumiu uma constituição humana, sem contudo abrir mão de sua constituição divina?

Assunto: Soteriologia

  • Tema: Soteriologia paulina.
  • Problema: Quais os principais elementos doutrinais que caracterizam a soteriologia paulina?

As hipóteses

Uma vez que o pesquisador somente conseguirá responder ou concluir seu problema no final de sua pesquisa, ele não terá, no início dela, um caminho claro, uma resposta definitiva ao seu problema. Entretanto, se o pesquisador não tiver qualquer ideia acerca de como seu problema poderá ser tratado ou resolvido, ele simplesmente não saberá sequer por onde começar sua pesquisa e, consequentemente, seu trabalho sequer terá início.

Todavia, o recurso instrumental que resolve este aparente entrave nos métodos da pesquisa científica é chamado de “hipótese”. Estabelecido e delimitado o problema da pesquisa, o próximo passo do pesquisador deve ser o de levantamento de hipóteses que, ao menos a priori, apontem o caminho para a resolução do problema. Portanto, hipóteses são suposições colocadas como respostas plausíveis e provisórias para o problema da pesquisa. As hipóteses são provisórias porque poderão ser confirmadas ou refutadas com o desenvolvimento do trabalho. Além da definição das hipóteses, o aspecto mais importante sobre elas é sua utilidade óbvia: elas (caso haja mais de uma hipótese) irão orientar o planejamento dos procedimentos metodológicos necessários à execução da pesquisa. Em outras palavras, o aluno só é capaz de decidir de que modo irá empreender sua pesquisa porque, de antemão, formulou determinadas hipóteses para a resolução de seu problema; e uma vez em posse de tais hipóteses, o aluno formula determinados meios e estratégias de pesquisa que, à medida que são postos em prática, confirmam ou não as hipóteses que tinha anteriormente.

Algumas características das hipóteses, segundo Lakatos e Marconi (1991) são:

  • Verificabilidade: as hipóteses devem ser passíveis de verificação. Hipóteses que não podem ser verificadas por método algum devem ser desconsideradas como tal.
  • Simplicidade: as hipóteses devem ser simples o suficiente para serem formuladas em um enunciado afirmativo.
  • Plausibilidade e clareza: as hipóteses devem propor algo admissível, e seu enunciado deve refletir essa característica com clareza.
  • Relevância: as hipóteses, de fato, devem ter o poder de (ainda que provisoriamente) explicar e responder o problema.

O processo de formulação de hipóteses envolve criatividade e é refinado à medida que o pesquisador adquire experiência. Contudo, a Metodologia Científica de Pesquisas postula que, para a formulação de hipóteses, podem ser utilizadas as seguintes fontes (GIL: 1991):

  • Observação;
  • Resultados de outras pesquisas;
  • Teorias;
  • Intuição.

Após a escolha do tema, a delimitação do problema e a formulação de uma ou mais hipóteses que apontem para a resolução do problema escolhido, o pesquisador parte para a última etapa de seu trabalho que, como dissemos, é a Etapa Redacional, omitida neste artigo.

Conclusão

A Metodologia Científica de Pesquisas, embora presente na maioria das grades dos cursos de graduação, continua proporcionando certa dificuldade aos alunos que, pela primeira vez, passam por um curso de nível superior. E tal dificuldade é aumentada pela quantidade enorme de tópicos que a metodologia apresenta, característica que, muitas vezes, representa um empecilho à formulação de um conceito objetivo dessa matéria por parte do aluno.

Além das dificuldades que muitos alunos experimentam com a assimilação da Metodologia Científica de Pesquisas, existe uma necessidade, em específico, de uma maior familiaridade com determinados conceitos dessa disciplina. Tal necessidade, deu ensejo à formulação deste artigo. Definições acerca da Metodologia Científica de Pesquisas, apresentação dos tipos e características de pesquisas, apresentação das etapas de seu desenvolvimento e enfoques específicos sobre a etapa decisória e formulação de hipóteses perfazem o conteúdo dessa publicação, cujo público alvo são os próprios estudantes, mas que, certamente, atingirá as necessidades de diversas outras pessoas interessadas nos consagrados métodos científicos para a elaboração de pesquisas.


Referências bibliográficas

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 1991.
MARTINS, Gilberto de Andrade. Manual para elaboração de monografias e dissertações. São Paulo: Atlas, 1994.
MICHAELIS: Moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Editora Melhoramentos, 2013.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento. São Paulo: Hucitec, 1993.
RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. Petrópolis: Vozes, 2000.

Comentário

  • Douglas Davi Guides
    Responder

    Agradeço à Deus, pois tem capacitado homens como o prof. Paulo Ribeiro, a esmiusar de forma tão clara assuntos de suma importância para nós formandos que passaremos pelo processo de “TCC”, que Deus continue a abençoar os professores desta escola. Graça e paz.

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