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O teste da lavagem cerebral

É muito comum os opositores da fé combaterem as religiões, acusando-as de promoverem uma lavagem cerebral em seus adeptos. Aliás, diga-se de passagem, Richard Dawkins, o apóstolo do ateísmo contemporâneo, declara exatamente isso em seus vários documentários. Não é fato que a famigerada “lavagem cerebral” seja uma técnica de todas as religiões, mas com certeza é algo observado por muitas delas. A propósito, não seria surpreendente, se algumas dessas estratégias fossem encontradas nos meandros de certas igrejas evangélicas. Nesta reflexão, propomos apresentar aos leitores do BlogSF quais são os tipos de artifícios que as seitas empregam para arrebanhar seus adeptos. Com isso em mente, não apenas conseguiremos nos precaver melhor, como teremos uma noção mais nítida das razões que impedem o desprendimento dos sectários em relação ao grupo religioso a que aderiram.  Será, caro leitor, que você já se submeteu, ainda que involuntariamente a algumas dessas técnicas? Será, caro leitor, que você conseguiria identificá-las? Vejamos quais são os principais meios de lavagem cerebral.

Nos últimos trinta anos, a expressão “lavagem cerebral” tem-se tornado muito comum. Em 1961, Robert J. Lifton escreveu o livro Thought Reform and the Psychology of Totalism ( “A reforma do pensamento e a psicologia do totalitarismo”), depois de ter estudado os efeitos do controle da mente dos americanos prisioneiros de guerra na China comunista. Lifton enumera oito aspectos principais que podem ser usados para determinar se certo grupo é uma seita destrutiva. Todas as religiões autoritárias deveriam ser submetidas a este teste para determinar exatamente quão destrutiva é a influência que têm sobre seus adeptos.

Que cada um julgue por si mesmo.

1. Controle da maneira de agir

As seitas usam várias técnicas para controlar o meio de vida (maneira de agir) das pessoas que recrutam. E uma dessas técnicas é o isolamento. Os adeptos podem ser fisicamente separados da sociedade ou, quando não, são obrigados, sob pena de punição, a se manterem afastados dos meios de comunicação social, especialmente se estes meios os levam a pensar criticamente. Todos os livros, filmes ou testemunhos de ex-membros do grupo (ou de qualquer outra pessoa que critique o grupo) têm de ser evitados. A organização “mãe” arquiva cuidadosamente informações acerca de cada recruta. Todos são vigiados, para que não se afastem nem se adiantem em relação às posições da organização. Isso permite que a organização pareça onisciente aos adeptos, pois sabe tudo sobre todos.

2. Manipulação mística

Nas seitas religiosas, Deus está sempre presente nas atividades da organização. Se uma pessoa sai da seita, quaisquer acidentes ou outros infortúnios que lhe aconteçam são interpretados como uma punição de Deus. A seita diz que os anjos estão sempre velando pelos fiéis e circulam histórias cujo testemunho diz que Deus está realmente fazendo coisas maravilhosas entre eles, porque eles seguem “a verdade”. Dessa forma, a organização reveste-se de certa “mística” que atrai o novo adepto.

3. Exigência de pureza

O mundo é descrito em preto e branco, não há necessidade de se tomar decisões baseadas em uma consciência reflexiva. A conduta da pessoa é modelada de acordo com a ideologia do grupo, conforme é ensinada em sua literatura. Pessoas e organizações são descritas como boas ou más, dependendo do seu relacionamento com a seita.

Os sentimentos de culpa e vergonha são usados para controlar indivíduos, mesmo depois de eles saírem da seita. Os sectários têm grande dificuldade em compreender as complexidades da moral humana, pois polarizam tudo em bem e mal e adotam uma posição simplista. Tudo aquilo que é classificado como mal tem de ser evitado e a pureza só pode ser atingida se o adepto se envolver profundamente com a ideologia da seita.

4. O culto da confissão

Pecados sérios (segundo os critérios da organização) têm de ser confessados imediatamente. Os membros da seita que forem apanhados cometendo alguma coisa contrária às regras têm de ser denunciados expressamente. O adepto, muitas vezes, tende a sentir prazer na degradação de si mesmo, por meio da confissão. Isso acontece quando todos têm de confessar regularmente seus pecados na presença de outros, criando, assim, certa unidade dentro do grupo. Isso também permite que os líderes exerçam sua autoridade sobre os mais fracos, usando seus “pecados” como um chicote para controlá-los.

5. O conhecimento sagrado

A ideologia da seita torna-se moral definitiva para estruturar a existência humana. A ideologia é demasiada “sagrada” para se duvidar dela e requer-se que o adepto tenha reverência pelos líderes. A seita alega que a sua ideologia tem uma lógica infalível, fazendo parecer que é a verdade absoluta, sem contradições. Um sistema assim é atrativo e oferece segurança.

6. Linguagem elaborada

Lifton explica que as seitas usam, de forma abundante, “clichês para acabar com o pensamento”, expressões ou palavras que são forjadas para acabar a conversa ou a controvérsia. Todos conhecemos os clichês “capitalista” e “imperialista”, usados por manifestantes antiguerras nos anos sessenta. Estes clichês memorizam-se facilmente e têm efeito imediato. Chama-se a “linguagem do não-pensamento”, pois terminam a discussão, dispensando quaisquer considerações adicionais.  Entre as testemunhas de Jeová, por exemplo, expressões como “a verdade”, “a sociedade”, “a organização”, “o novo sistema”, “a nova ordem”, “os apóstatas” e “as pessoas do mundo” contêm em si mesmas um julgamento dos outros, não é necessário pensar mais neles.

7. Doutrina acima das pessoas

A experiência humana é subordinada à doutrina, independentemente de quão profunda ou contraditória tal experiência seja. A história da seita é alterada para se ajustar à lógica doutrinária. O indivíduo só tem valor na medida em que se conforma aos modelos preestabelecidos pela seita. As percepções do senso comum são desconsideradas, se forem hostis à ideologia da seita.

8. Dispensados da existência

A seita decide quem tem o “direito” de existir e quem não tem. Seus líderes decidem quem morrerá na batalha final do bem contra o mal. E também quais são os livros de história exatos e quais são os tendenciosos. As famílias podem ser destruídas e os estranhos podem ser enganados, pois não merecem existir.

Para refletir

Será que a nossa mente está sendo controlada por alguém? Será que o grupo religioso em que estamos inseridos encaixa-se nesse perfil? Que cada um examine-se a si mesmo e tire suas conclusões.

Por Gregory Koukl Traduzido por Elvis Brassaroto Aleixo

Comentário

  • Reginaldo
    Responder

    Você já trabalhou em alguma empresa? Já se filiou a algum partido político? Cresceu em uma família? Pertence à sociedade civil ou militar? Já assistiu a filmes e a desenhos animados? Ja analisou os editoriais de um jornal? Vc participa de um grupo de amigos para encontros e bate-papos no bar com cerveja Que seja um agrupamento social semelhamte à uma seita a qual, no entanto, nao tenha esse nome explicitamente onde vc transgrida todos os pontos que vc elencou em seu texto? Se sim, como vc ainda está vivo?

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