Introdução

Satanismo é tema constante no cenário evangélico. Isso porque a conversão de pessoas envolvidas com grupos que se intitulam “satanistas” ou “adoradores do diabo” ganhou muito espaço na mídia evangélica nos últimos anos. É muito difícil definir exatamente o que é o satanismo, pois fatos e fantasias frequentemente se misturam, bem como ideias e conceitos.

O termo “satanismo” foi utilizado pelas religiões monoteístas para designar práticas religiosas que consideravam estar em oposição direta ao Deus da Bíblia. O primeiro exemplo que se conhece do uso da palavra consta na obra An apologie of the Church of England (Uma apologia da Igreja da Inglaterra), de Thomas Harding, que se refere à Igreja Anglicana.

Ao que parece, cultos voltados à figura do diabo são muito antigos. Com a ascensão de ideias ligadas à Nova Era, a situação agravou-se. Existem também aspectos de marketing envolvidos. Muitos grupos de rock utilizaram a figura de Satanás como uma forma de atrair os jovens para algo que inspirasse revolta e rebeldia. Esse envolvimento, nada inocente, tem produzido uma verdadeira manifestação satânica no mundo.

Há também um aspecto do satanismo que é meramente ritualístico, voltado para a prática, para o envolvimento místico. Há ainda outro segmento que pode ser classificado como satanismo intelectual, que desenvolveu toda uma visão de mundo, que explora a filosofia para defender suas doutrinas. Podemos classificá-lo como satanismo moderno em contraste com o satanismo tradicional.

O satanismo moderno é um movimento religioso e filosófico centrado em torno de Satã ou outra entidade identificada com Satã, ou centrado nas forças da natureza, em particular da natureza humana, representada por Satã como um arquétipo (modelo). Ao contrário de muitas religiões e filosofias, o satanismo foca sua atenção no avanço espiritual e/ou hedonista do indivíduo em vez de focar a submissão a uma divindade ou a um conjunto de códigos morais.

O satanismo moderno também é chamado de laveyano, devido ao seu criador e propagador Anton Szandor LaVey. Esta expressão do satanismo não difere muito do ateísmo ou mesmo do humanismo, pois vê o homem como a medida de todas as coisas (Protágoras) e somente a manifestação plena de sua essência (que seria divina) é o que importa. O satanismo tradicional, por sua vez, procura prestar um culto real a uma entidade e propagar sua energia sobre a Terra.

Existem vários tipos de satanistas na sociedade contemporânea. Um evangelismo voltado para muitos desses grupos nem sempre envolve argumentação. Nem sempre seus adeptos esboçam preocupações teóricas. Sua situação mental e espiritual somente poderá ser modificada mediante oração e confronto com o poder do Evangelho. Se as histórias sobre sacrifícios humanos e crimes forem verdadeiras, trata-se de um terreno muito perigoso e somente pessoas maduras e bem direcionadas deveriam tentar qualquer empreitada neste âmbito.

Nosso alvo evangelístico deve focar os grupos mais teóricos, que procuram despojar Satanás de sua personalidade, considerando-o apenas a expressão de um sentimento ou pensamento.