Introdução

É mais fácil falar sobre a maçonaria e suas atividades do que defini-la. Negando ser uma religião, tem características religiosas, embora aceite em seu meio pessoas de todos os credos. Denominando-se uma “sociedade discreta”, boa parte de suas práticas e atividades permanecem desconhecidas por não adeptos. Enfatizando o bem e o amor ao próximo, toda sorte de atividades escusas lhe é atribuída. Sem ser uma agremiação política, sua influência política é inegável.

Qualquer discurso sobre a maçonaria deixará boa parte de suas atividades encoberta. Sua natureza esotérica não permite uma exposição pormenorizada de sua história; o mistério que a cerca não é um acidente, faz parte de sua estratégia. É curioso como uma organização tão poderosa e influente permaneça protegida contra qualquer forma de investigação. Seu discurso de instituição benevolente choca-se com seu real propósito, que é o poder. Ninguém se tornaria maçom sem os inúmeros “benefícios” que vêm atrelados à filiação.

Existem várias formas de definir a maçonaria, mas nenhuma delas parece revelar sua real natureza:

É um sistema sacramental que, como todo sacramento, tem um aspecto externo visível, consistente em seu cerimonial, doutrinas e símbolos, e acessível só ao maçom que haja aprendido a usar a sua imaginação espiritual e seja capaz de apreciar a realidade velada pelo símbolo externo (Wilmshurst, The Meaning of Mansory, p.21). É a continuação ou renovação dos Antigos Mistérios. (Rogan)1

Usando uma descrição mais romântica, lemos a respeito dos objetivos da maçonaria:

O verdadeiro objetivo da maçonaria pode resumir-se nessas palavras: desfazer nos homens os preconceitos de casta, as convencionais distinções de cor, origem, opinião e nacionalidade, aniquilar o fanatismo e a superstição, extirpar os ódios de raça e, com eles, o açoite da guerra, em uma palavra chegar pelo livre e pacífico progresso a uma fórmula e modelo de eterna e universal justiça, segundo a qual todo ser humano possa desenvolver livremente as faculdades de que esteja dotado e possa vir a concorrer cordialmente e com todas as forças para a comum felicidade dos seres humanos, de sorte que a humanidade venha a ser uma só família de irmãos unidos pelo afeto, cultura e trabalho.2

Os objetivos parecem muito nobres e, de fato, são constantemente repetidos com diferentes palavras e expressões em toda a literatura maçônica. Qualquer pessoa que se aproxime e se envolva com tal sociedade é convencida, pela repetição, de estar em um grupo com alvos os mais nobres possíveis. Este fato será considerado suficiente, por seus adeptos, para se sobrepor aos aspectos negativos presentes, ignorados pela maioria deles.

Apesar de todas as suas credenciais, práticas, crenças e de todos os seus ritos, os maçons se opõem aos padrões de verdade e integridade ensinados pela Escritura, aferidora de todas as crenças e práticas. Não é nossa intenção negar as boas obras e as grandes realizações da maçonaria, porém devemos avaliá-la à luz da Bíblia.

Também devemos levar em consideração que os fins não justificam os meios. Pode-se fazer muita coisa condenável enquanto se realiza obras filantrópicas. Basta lembrar quantos milhões o comunismo matou tentando implantar uma “sociedade mais justa”. É o que acontece com a maçonaria, na qual os motivos declarados nem sempre correspondem aos verdadeiros motivos, e os caminhos percorridos parecem contradizer os objetivos.

De igual modo, o fato de muitos cristãos, ao longo dos séculos, terem pertencido à maçonaria não a isenta de falsidade. O comportamento cristão, quando desaprovado pelas Escrituras, não serve para sancionar a participação em grupos como a maçonaria. A incompatibilidade entre maçonaria e fé cristã é evidente, ainda que alguns se recusem a enxergar as evidências.

Nossa abordagem deixará de fora alguns aspectos mais ocultistas da maçonaria, haja vista a grande controvérsia por estes provocada. Não que aspectos demoníacos não estejam presentes ou que seja possível negar uma ala satânica dentro da estrutura maçom. Entretanto, a dificuldade em abordarmos alguns maçons nesse sentido é a de que muitos deles são deixados de fora em muitas dessas manifestações. A maçonaria, como se sabe, oculta dos “profanos” boa parte de seus ensinos e práticas, porém muitos de seus iniciados também ignoram boa parte do que se faz dentro dessa sociedade. Nem todos sabem tudo.

De qualquer forma, estamos convencidos de que o pouco que sabemos a respeito da maçonaria já é suficiente para detectar e refutar seus elementos anticristãos. Mesmo que alguém negue todos os aspectos diabólicos e ocultistas nela presentes, esta organização é suficientemente antibíblica para que seus adeptos desavisados a abandonem o mais rápido possível. O mínimo que dela se pode conhecer é claramente incompatível com a fé cristã.


1 FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de maçonaria. São Paulo: Pensamento, s/p.
2 ALBUQUERQUE, A. Tenório. O que é a maçonaria. Rio de Janeiro: Aurora, 1980.