Introdução

Localismo é um neologismo para descrever o movimento que nasceu da liderança de Witness Lee, líder cristão chinês que foi auxiliar de Watchman Nee, autor de famosas obras como “O homem espiritual”, “Autoridade espiritual”, entre outras.

O nome localismo foi atribuído devido a uma forte característica desse grupo. Eles são radicalmente contra a apresentação de qualquer nome para identificar uma igreja ou denominação. Assim sendo, ao serem questionados sobre o nome da igreja a que pertencem, respondem apenas que são da igreja em determinado local (geralmente o nome da cidade). Deste modo, eles são membros da igreja em São Paulo, ou no Rio de Janeiro, ou em Brasília etc. Citam sempre o nome do local, daí a designação “localismo”.

Na verdade, não gostam de serem chamados de membros de uma Igreja Local, preferindo outras referências mais genéricas como “A igreja dos irmãos”, o “Corpo de Cristo, “Restauração”, “A obra de Deus”etc.

A relação entre esse grupo e a igreja evangélica é muito controvertida, devido ao seu forte sectarismo. Acreditando-se representar a restauração do cristianismo, a atitude proselitista da Igreja Local granjeou enorme rejeição em nosso meio, ainda que seus adeptos sustentem muitos pontos em comum com a fé evangélica ortodoxa. Sua grande divulgação literária e mesmo a defesa de alguns pontos doutrinários importantes fez com que o localismo fosse respeitado e considerado por líderes evangélicos de outras denominações.

Podemos citar, por exemplo, John Walker, famoso escritor e editor da revista Impacto, que em seu livro, A história que não foi contada, escreveu todo um capítulo sobre a colaboração da Igreja na China para a restauração do evangelho, identificando Witness Lee como um grande mestre. Ainda assim, reconhece que o movimento se deteriorou pela ênfase no localismo. Declara Walker: “A ‘recuperação’ da Igreja que começou na China por meio do ministério de Watchman Nee chegou ao ocidente por intermédio do ministério de Witness Lee. A ênfase do movimento no Ocidente, incluindo o Brasil, tem sido tão forte na doutrina (localismo) de que só pode haver uma igreja de Jesus em cada cidade, que o movimento passou a ser conhecido como ‘igreja local’. Costuma-se dizer que o problema básico de qualquer movimento surge quando ele para de se movimentar, isto é, quando cessa de fluir no Espírito e estaciona em um dogma.”

No Brasil, os localistas são conhecidos como o grupo da “Árvore da Vida”, devido à edição de um jornal e uma editora com esse nome. Em Sumaré, São Paulo, os membros construíram a “Estância Árvore da Vida”, um enorme complexo para realização de eventos. A criação desse espaço obrigou a organização a uma aproximação com diversos grupos evangélicos e também a um relacionamento mais amistoso entre ambos, com vistas a locar o espaço, que doutra sorte ficaria desocupado grande parte do tempo.