Introdução

Neste módulo estudaremos uma série de informações correspondentes a onze religiões que não documentam a existência histórica de um Deus Salvador que tenha se encarnado para que, uma vez entre os homens, propusesse-lhes, por um único sacrifício, a salvação de todo o gênero humano.

É natural no meio teológico apologético brasileiro que estas religiões não recebam uma atenção significativa, haja vista o fato do desuso de suas práticas até os limites da América do Sul. Entretanto, manda a matéria apologética cristã que estejamos aptos a captar elementos que derivam das mais insólitas culturas religiosas, para que tenhamos acesso a esclarecimentos necessários no diálogo interreligioso.

Não se adapta ao título de apologista cristão o aspirante que domina apenas e precariamente a história das crenças que lhes são apresentadas à porta, a exemplo do mormonismo, do jeovismo e do tradicional catolicismo romano. Considerando a sociedade aculturada hodierna e o trabalho maciço de pregação de seus missionários, estas profissões de fé já espalharam seus elementos em todos os seguimentos sociais, granjeando muitos simpatizantes. Entre seus adeptos podemos observar considerável desprendimento na argumentação, o que os torna capazes de promover um diálogo denso e quase inacessível aos apologistas evangélicos de pouco conhecimento.

Este é um dos principais fatos que acaba por impelir o apologista cristão iniciante a se desdobrar na busca por cada vez mais informações, separando-se do comum e ampliando suas possibilidades de sucesso na empreitada da defesa de sua fé, iniciativa muitas vezes responsável por uma evangelização frutuosa.

Diferentemente do que ocorrerá com a disciplina História das heresias primitivas, aqui serão estudadas religiões devidamente estabelecidas, possuindo, cada uma delas, além da história, um rol de crenças, escritos sagrados, rituais, festas e demais peculiaridades.

Por não se ater este módulo apenas à historicidade das onze religiões destacadas, julgamos necessária nesta introdução a exposição das principais definições do termo religião, as quais não constam na genérica definição dos dicionários portugueses disponíveis, meio impróprio para consulta do tema. Vejamos algumas definições:

Uma série de sistemas reconhecíveis de crença e prática que apresentem uma semelhança familiar; elementos comuns a este ou a sistemas assemelhados podem então ser escolhidos para definir uma série de religiões.

O termo religião na sua forma mais abstrata, pode denotar:

a) A  classe de todas as religiões;

b) A essência supostamente comum de todos os fenômenos autenticamente religiosos;

c) O ideal de que todas as religiões verdadeiras são consideradas manifestações imperfeitas;

d) A religiosidade humana, expressa não só em sistemas e tradições (a religião explícita) mas também em modos de vida onde ela está escondida (implícita).

Convém não esquecer que o fato de ser religioso, obviamente, diz respeito à pessoa, mas não necessária e exclusivamente àquelas que professam alguma crença ou que se acham envoltas em práticas religiosas de quaisquer espécies.

Assim, reconhecemos uma variedade religiosa de singular amplitude, o que consequentemente culmina com uma quase infinda fonte de trabalhos e pesquisas, que convidam o apologista a uma imprescindível dedicação e consideração do maior número possível de teses e conceitos. É o que passaremos a fazer a partir daqui.

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