Introdução

“Aquele que não tem princípio nem fim em meio ao caos,
Aquele que é o criador do Universo, assumindo várias formas,
Aquele que, sozinho, abarca todo o Universo quando alguém
O reconhece como Deus, liberta-se de todos os grilhões”

Essas são palavras do Upanixade, escrito sagrado que expressa o conceito da divindade segundo o hinduísmo. Além da eternidade de Deus, ideia comum ao Deus bíblico, a noção de Deus como criador está nele expressa. Mas as semelhanças cessam por aqui. Esses versos revelam o conceito panteísta presente no hinduísmo: Deus é tudo e tudo é Deus. “Aquele que sozinho abarca todo o Universo” não no sentido da onipresença e imanência de Deus, mas no sentido de que ele é todas as coisas, “assumindo várias formas”.

Esse conceito de Deus determinará tudo o mais e será o ponto principal que distinguirá o deus hindu do Deus da revelação bíblica. Se Deus é o Universo e o Universo é Deus, todas as respostas para os grandes enigmas da vida serão diferentes. Não se trataria apenas de estarmos diante de um Deus diferente, mas o próprio mundo e a matéria teriam uma natureza distinta daquela descrita na Bíblia.

Durante um grande período da história, o hinduísmo foi uma religião confinada ao subcontinente indiano e sua prática apresentou um caráter étnico bem peculiar. Ele estava isolado dentro de limites étnicos e geográficos bastante precisos, com raríssimas incursões fora dessas fronteiras. O lento processo que transformou o mundo na aldeia global que é hoje também levou não somente os indianos, mas o próprio hinduísmo para fronteiras longínquas. Atualmente, podemos dizer que o hinduísmo tem praticantes e simpatizantes no mundo inteiro.

Conhecer o hinduísmo não é mais conhecer uma religião exótica e distante. Não estamos mais falando de uma crença confinada à Índia e adjacências. Estamos falando de um conjunto de conceitos que de forma extrema ou como mera influência convive conosco no dia a dia.

Algumas correntes do hinduísmo, como os Hare Krishna, tornaram-se militantes e fincaram fortes bases no ocidente. O grande desafio do apologista é mostrar as grandes diferenças entre o Deus verdadeiro e aquilo que o hinduísmo chama de Deus, porque essa diferença terá consequências gigantescas não só neste mundo, mas por toda a eternidade.

Chacras, Krishna, do-in, medição transcendental, incensos, saris, ioga, mantra, avatar etc. Estas são algumas palavras que pouco a pouco passam a fazer parte do cotidiano do ocidente e que caracterizam a influência espiritual que o hinduísmo e a Índia têm exercido sobre nossa cultura. Muitas práticas orientais não são uma religião propriamente dita, mas envolvem conceitos religiosos. “Ser um com o Universo”, por exemplo, nada tem a ver com a expressão joanina “nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo” (1Jo 1.3). A primeira (hindu) admite um Universo monista, onde Deus é tudo e tudo é Deus, ressaltando que “Deus” para um hindu, por exemplo, não é o mesmo que Deus para um judeu.