Introdução

Um maior entendimento das profecias bíblicas tem sido uma característica dos tempos finais da Igreja de Cristo na terra. E isso não é nenhuma surpresa. Quanto mais próximo estiver o fim de todas as coisas, mais necessário se torna aos santos uma compreensão desse assunto.

As próprias Escrituras fornecem base para isso. O livro de Daniel, escrito no quinto século a.C., contém inúmeras profecias sobre o tempo do fim. É quase uma história antecipada do mundo. É curioso o fato de Deus ter dito a Daniel: “E tu, Daniel, encerra estas palavras e sela este livro, até o fim do tempo” (12.4a), enquanto diz para o profeta Habacuque “… escreve a visão e torna bem legível sobre tábuas, para que a possa ler quem passa correndo” (2.2). O Senhor dá ordens a Daniel para deixar o livro selado, ou seja, “indecifrado”, até o tempo do fim e posteriormente, no versículo 9, torna a repetir: “Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até o tempo do fim” (cap.12).

A grande abundância de estudos, palestras e livros que têm surgido nada mais são do que o cumprimento das palavras acima. Era da vontade de Deus que seus mistérios, revelados a Daniel, ficassem guardados até o tempo oportuno. Estamos no kairós (tempo) de Deus para compreensão da escatologia bíblica. “Muitos o esquadrinharão (o livro de Daniel) e o saber se multiplicará” (Dn 12.4b – Almeida RA). Não é isso que testemunhamos em nossos dias? Homens santos, consagrados a Deus e à sua Palavra têm esquadrinhado e explicado estas profecias e visões: “… mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão” (Dn 12.10b).

Ao profeta Jeremias também foi prometido, duas vezes, maior luz sobre suas profecias no fim dos dias. Na primeira, é dito: “Nos últimos dias entendereis isso claramente” (23.20) e, na segunda: “No fim dos dias entendereis isto” (30.24). Glória a Deus!

Nunca se estudou tanto a escatologia quanto hoje. Jamais a Igreja se debruçou tantas horas a fio sobre este assunto como agora. Assim, como no passado, mentes brilhantes se preocuparam em definir as doutrinas de Deus, do pecado, do homem, ou da salvação, agora, e do mesmo modo, homens de grande capacidade têm gasto suas energias para extrair das Escrituras o que há de mais sólido quanto aos acontecimentos do tempo do fim.

Assim como em outras doutrinas teológicas, no estudo das últimas coisas também encontramos pontos controversos. Nosso calendário escatológico não é aceito com unanimidade, embora seja recebido pela maioria dos cristãos.

Sistemas doutrinários chamados pós-milenismo, amilenismo, pós-tribulacionismo, etc, são questionados entre si quanto sua aceitação nas diversas denominações evangélicas.

Ainda outros questionam a riqueza de detalhes com que pintamos os quadros do tempo do fim. Todavia, vale ressaltar as bases bíblicas, mesmo com respeito aos detalhes, de nossas descrições proféticas. A escatologia atual não é apenas abundante. É bíblica. E não busca apenas formar um quadro nítido dos eventos futuros, antes, procura compor esse quadro com as tintas e os traços retirados da Bíblia Sagrada.

Cabe ainda a observação de que, devido ao fato do contexto teológico brasileiro privilegiar determinadas posições escatológicas, nós, igualmente, as privilegiaremos e tais posicionamentos serão esclarecidos em seus respectivos capítulos. No entanto, não deixaremos de expor as posições escatológicas de menor influência e adesão em nosso país.