Introdução

Religião de matiz africana é o nome usado atualmente para definir os grupos religiosos historicamente ligados aos negros trazidos da África como escravos. Já foi classificado como “baixo espiritismo” devido à classe social que o praticava, geralmente os escravos libertos. Essa designação era para diferenciá-lo do “alto espiritismo”, ou kardecismo no geral. Este chegou aqui através das obras de Alan Kardec, escritas em francês. Somente as classes mais abastadas tinham condições de ler. Logo, essa classificação econômica foi utilizada por um bom tempo.

Hoje tal realidade não mais existe, havendo pessoas de todos os níveis econômicos e sociais participando de todos os tipos de espiritismo. Com as políticas de proteção das minorias, a identificação das religiões de origem afro com a cultura afro, alterou as designações.

Na verdade, o que temos hoje é, de certo modo, uma imposição estatal para que os elementos religiosos africanos sejam propagados e aceitos. Sob a alegação de combate à discriminação, os elementos das religiões africanas se tornaram obrigatórios nos currículos de diversos cursos. Mais do que simplesmente os aspectos históricos ou culturais, a religião em si tem sido imposta. Cada vez mais espaço é dado aos cultos afros, ainda que o governo alegue seu caráter laico quando se trata da religião cristã.

De certo modo, o crescimento do evangelho no Brasil se deu em confrontação também com o que se denominava baixo espiritismo. Nas igrejas que praticavam libertação sempre foi muito comum a identificação dos demônios com os orixás e guias dos cultos afro. Até hoje algumas igrejas sensacionalistas confrontam os poderes demoníacos chamando-os pelos nomes que possuem nesses cultos.

Levando em consideração que temos hoje um governo ideologicamente aparelhado, que entende como sua missão impor o poder das minorias sobre a cultura e frear a influência cristã, a tendência para o conflito é inevitável. Declarações que classificam como demoníacas os elementos dos cultos afros, já estão sendo criminalizadas. Cada vez mais as posturas contrárias a esses cultos sofrerão toda sorte de pressão. Em meio à uma sociedade que nega os absolutos, alguém afirmar o valor absoluto de suas crenças sobre as crenças de outros será visto de modo negativo. A intrusão governamental vai se tornando onipresente, não apenas nas atividades econômicas, mas também nas esferas privadas.

Já existem grupos ditos “evangélicos”, que assumindo uma postura ecumênica, se aliam aos praticantes desses cultos e com eles trabalham. Outros, no lado oposto, fazem ataques físicos a centros espíritas. O conflito de classes fomentado pelo pensamento esquerdista, estende-se também para os conflitos religiosos.

Em meio a isso a Igreja precisa se adaptar e continuar seu trabalho de evangelização também aos grupos afros. O fato de Cristo ser o único caminho de salvação real capaz de libertar o homem de sua alienação a Deus, leva-nos ao dever de amar os adeptos desses cultos. De um jeito ou outro precisamos chamá-los ao arrependimento, à renúncia de seus falsos deuses, para o Deus vivo e verdadeiro. Não precisamos ofender nem agredir ninguém nesse processo, mas também não podemos nos calar simplesmente porque alguma política governamental acredita que tem o poder de criar uma realidade com algum decreto ou portaria. Jesus continua sendo o único Caminho, a única Verdade e a única Vida que conduz ao Pai. Nem todos os governos do mundo poderiam mudar essa realidade.