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Apologética Cristã

Apologética Cristã – importância e urgência!

A palavra “apologética” vem do grego “apologia”, palavra que quer dizer “defesa”. Os primeiros escritores cristãos posteriores aos apóstolos foram apologistas. Através das Escrituras, eles proclamaram o Evangelho ao mundo de cultura pagã, greco-romana, cuja forma de pensar e ver o Universo era bem contrária à Palavra de Deus. Nosso tempo está se tornando cada vez mais semelhante àquele.

Nossa sociedade já foi definida há algumas décadas como sendo pós-cristã. Hoje, está se tornando cada vez mais anticristã. E não apenas pelo que faz ou pelo que diz, mas antes de tudo pelo que pensa e, particularmente, pelo que pensa acerca do cristianismo. Em meio a tantas ideias circulantes sendo defendidas, por que as verdades do cristianismo devem ser abraçadas? Eis o papel da apologética cristã: criar um ambiente intelectual no qual a revelação bíblica se mostre coerente e capaz de responder às indagações da atualidade.

“A apologética cristã trata de prover uma defesa da fé, fornece razões para crer e dá respostas às questões da atualidade”, escreveu James White em seu livro Uma mente cristã em um mundo sem Deus 1. Como disse C. S. Lewis, autor de Crônicas de Nárnia e talvez o maior apologista do século XX, a apologética cristã não produz fé, mas cria um ambiente no qual ela pode se desenvolver.

Por que inúmeros jovens entram para a faculdade como crentes e saem como incrédulos? Por que o número dos sem religião é maior entre os jovens do que entre os mais maduros? Se as Escrituras Sagradas são corretas e verdadeiras em todos os assuntos sobre os quais se pronuncia, por que o que ouvimos ao nosso redor é justamente o contrário?

O cristão em geral não percebe que há uma guerra intelectual acontecendo nas universidades, nas revistas especializadas e nas sociedades acadêmicas. O cristianismo tem sido taxado de irracional ou obsoleto, e milhões de estudantes – nossa futura geração de líderes – têm absorvido esse ponto de vista. […] Falsas ideias são o maior obstáculo à recepção do Evangelho2 (leia Uma fé chamada ateísmo).

Engano e erro estão ao nosso redor por falta de conhecimento das Escrituras (Mateus 22.29). As verdades fundamentais acerca de Deus, do homem e do Universo foram substituídas por ideologias não cristãs e anticristãs. Esse tipo de discurso errado predomina pela falta do discurso cristão sobre assuntos essenciais. É preciso que o mundo ao nosso redor não apenas saiba em que nós cremos; é preciso que saiba por que cremos no que cremos e que reconheça a coerência de nossas crenças. É preciso que conheçam “a razão da esperança que há em nós” (1Pe 3.15) (leia Razão e revelação – uma exclui a outra?).

A apologética cristã se tornou urgente porque nós vivemos em um caldo ideológico complexo, no qual inúmeras formas de pensar, contrárias à verdade de Deus, envolvem as pessoas como em um redemoinho. Estas pessoas estão se afogando nas águas intelectuais desse caldo ideológico e nós não temos oferecido um barco ao qual possam se agarrar. Nosso Deus é uma Rocha também para a mente humana.

Uma vida apologética

Nada há que chegue aos nossos corações sem que antes tenha passado pela nossa mente. E a apologética cristã, com certeza, inclui o uso da nossa mente santificada para apresentar de forma coerente as verdades divinas.

No entanto, a verdade divina, além de um conjunto de afirmações corretas sobre tudo, é uma verdade para ser vivida. O apóstolo João escreveu: “Porque muito me alegrei quando os irmãos vieram e testificaram da tua verdade, como tu andas na verdade” (2Jo 3). Seu elogio a Gaio não era porque ele sabia ou ensinava a verdade, mas porque ele vivia a verdade.

Não estaremos defendendo a verdade cristã se não vivermos uma vida cristã. Como nos ensinou o apóstolo Pedro, antes de “dar uma resposta a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós”, ele exorta: “santificai nos vossos corações a Cristo, como Senhor” (1Pe 3.15 – Tradução Brasileira). Viver sob o senhorio de Cristo é viver de forma apologética, mostrando que a verdade revelada é uma verdade a ser vivida.

A melhor apologética cristã é a proclamação

Este é outro ponto que não pode ser negligenciado. Antes de defender as verdades divinas, precisamos proclamá-las aos quatro ventos e de todas as formas. Não devemos pressupor que os homens duvidarão delas. Estas verdades precisam ser pregadas, ensinadas, escritas; devem estar presentes nas conversas corriqueiras, nos ambientes populares, nas obras literárias, nos centros acadêmicos, nas redes sociais, nos programas de rádio e TV e nos debates de toda a natureza. É preciso encher os meios de comunicação, as repartições públicas, as escolas, as universidades. As verdades divinas não podem ser colocadas de lado ou consideradas como sendo somente a religião de pessoas fanáticas e irracionais.

Precisamos anunciar ao mundo que há um único Deus, Criador de todas as coisas, Soberano sobre todas as coisas, diante do qual todos terão de prestar contas. Precisamos proclamar que a Bíblia é a Palavra eterna e infalível de Deus, que Jesus Cristo é o Filho de Deus que veio ao mundo, morreu pelos nossos pecados e ressuscitou ao terceiro dia. Devemos ensinar a realidade do pecado e a necessidade do arrependimento e da fé. As verdades fundamentais precisam estar presentes em tudo aquilo que é humano, não devem ficar restritas aos nossos edifícios, às nossas reuniões e à nossa literatura; não podem ficar limitadas à nossa subcultura evangélica.

Arsenal apologético

Finalmente, tendo vivido e proclamado as verdades de Deus, podemos esperar que os indagadores e os contestadores surjam. Eles vociferarão e lançarão as mais duras palavras contra o cristianismo, escreverão e atacarão, apoiados em suas ideologias e em seus pressupostos intelectuais. Eles tentarão desmerecer e obscurecer a revelação divina com um arsenal de argumentos que não é nada fraco ou desprezível.

É nessa hora que temos de estar preparados para responder com mansidão e temor (novamente 1 Pedro 3.15), falando, ensinando, debatendo e escrevendo. Se isto for feito com sabedoria, inteligência, graça e unção, com certeza o resultado será excelente. Se assim for, não significa que os oponentes serão convencidos ou que todos abraçarão o Evangelho; significa que a verdade de Deus está sendo defendida por pessoas que sabem por que creem no que creem e que se dedicando com empenho para entender e explicar isto a outros de forma coerente (leia A importância da teologia na apologética).

Talvez um dos exemplos mais claros da necessidade da apologética cristã seja o livro Um ateu garante: Deus existe, lançado no Brasil pela editora Ediouro. Seu autor, Antony Flew, foi um dos maiores defensores intelectuais do ateísmo por cinquenta anos. Após uma série de debates com apologistas cristãos, como Alvin Plantinga e William Craig, ele se tornou um teísta, alguém que crê na existência de Deus. Tendo percebido a honestidade e a capacidade intelectual daqueles que se diziam crentes, apesar de todo o seu arsenal ateísta, teve de se render.

Se homens como Antony Flew, com tal envergadura intelectual, tiveram sua maneira de pensar mudada, quantos que hoje se agarram a modismos materialistas, marxistas e ocultistas poderão também enxergar a verdade revelada? Basta que estejamos preparados e que saibamos refutar todos os argumentos enganosos que criam obstáculos nas mentes e nos corações das pessoas, impedindo-as de reconhecer a verdade e a coerência da verdade. Nosso país está se tornando mais culto, então nossa mensagem também tem que acompanhar tal desenvolvimento, de modo que o mundo veja, ouça e creia.

“As armas com as quais lutamos não são humanas; ao contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas. Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo.” (2 Coríntios 10.4)


Notas
1WHITE, James Emery. Uma mente cristã em um mundo sem Deus. São Paulo: Vida, 2010.
2Citado por CRAIG, William Lane. Apologética para as questões difíceis da vida. São Paulo: Vida Nova, 2010, p. 16

Comentário

  • Dorival Rosa Maciel
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    Excelente Prof. Eguinaldo, gostei muito desse artigo! Parabéns!

  • flaviasoeiro
    Responder

    Parabéns professor.

  • Leonardo
    Responder

    Gostei muito do artigo!!O senhor é um dos teólogos que eu mais gosto de acompanhar,já li a doutrina de Deus da saber e fé..e gostei muito!!Obrigado pelo ensino.

    • Eguinaldo Hélio de Souza

      Obrigado Leonardo. Ficamos muito felizes com esses retornos. Que Deus use sua vida para a glória Dele

  • Thiago
    Responder

    Excelente artigo! Sou aluno da Saber e Fé ( Graduação e Extensão) e a cada dia que passa vejo que tomei a decisão certa no que diz respeito a escolha de faculdade de teologia. Parabéns Pr. Eguinaldo e equipe. Que Deus sempre continue derramando bençãos nas suas vidas.
    OBS. Sempre acompanho o Pr. Eguinaldo no programa vejam só. Parabéns

    Thiago Ribeiro dos Santos – SBC

  • Marcos Ferreira Ferro
    Responder

    Artigo muito bom!

    Deus abençoe….

  • Artemys Lima
    Responder

    muito bom.. comecei a gostar de apologetica quando li o livro do Norman Geisler – Não tenho fé suficie te para ser ateu, pretendo cursar apologetica tambem, obrigado! e que Deus continue te abençoando

  • Gilberto Francisco de Assis
    Responder

    Muito bom gostei desse comentário sobre apologética. Interessante e muito profundo esse estudo. Obrigado professor pela aula!

  • agnaldo.manoel
    Responder

    gostei muito do artigo!! Deus abençoe.

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