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A crucificação, morte e ressurreição de Jesus Cristo foi distorcida?

Caro leitor do BlogSF, no âmbito das religiões existem muitas histórias lendárias, sem qualquer amparo histórico e documental. Com o cristianismo, entretanto, as coisas são diferentes. Apesar disso, um dos argumentos críticos mais ferrenhos contra a autenticidade histórica da vida, crucificação e ressurreição de Jesus é a suposta probabilidade de que depois de certo período de tempo, após sua morte, a “lenda” (tradição popular imaginosa) teria dado conta de absorver e distorcer os verdadeiros relatos de sua vida.

Se realmente há fundamento para explicar um desvio nestes termos, evidentemente isso significa que quanto mais precoce pudermos apontar informações concernentes a tais eventos, menos prováveis serão as chances de que elementos lendários possam ter sido inseridos no relato bíblico.

O texto de 1Coríntios 15.3-5 é considerado, por muitos acadêmicos da teologia, como o credo mais primitivo da igreja cristã. Por isso, convidamos você, amigo leitor a aprender um pouco mais sobre esse importante excerto bíblico.

Um credo é uma declaração de convicção, uma confissão, e é exatamente isto que o apóstolo Paulo declara no fragmento bíblico, ou seja, que recebeu uma informação que passou a compartilhar com os demais crentes: “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze”

Se atentarmos para os eventos mais importantes e suas respectivas datas nesta breve investigação, concluiremos que o período de tempo entre um evento histórico e seu registro é ínfimo, quase insignificante. Vejamos a seguinte tabela:

  • Crucificação de Jesus

Data: 30 d.C.

  • Conversão de Paulo

Data: 32 d.C.
Documentação: Ver LEE, Strobel. The Case for Christ. Grand Rapids, Mi: Zondervan, 1998.
Data: 34-37 d.C.
Documentação:
Ver The New Bible Dictionary. Wheaton, Illinois: Tyndale House Publishers, Inc., 1962.

  • Primeira visita de Paulo a Jerusalém desde sua conversão

Data: 37-38 d.C.
Documentação:
Ver The New Bible Dictionary. Wheaton, Illinois: Tyndale House Publishers, 1962.
Ver The Chronological Bible. Nashiville,TN: Regal Publishers, 1977.

  • Primeira epístola de Paulo aos Coríntios

Data: 54-55 d.C.
Documentação:
Ver ACHTEMEIER, Paul J., Th.D. Harper’s Bible Dictionary .San Francisco: Harper and Row Publishers, 1985.
Ver WALVOORD, John F. & ZUCK, Roy B. The Bible knowledge commentary. Wheaton, Illinois: Scripture Press Publications, 1983, 1985.

Se a crucificação de Jesus se deu em 30 d.C., a conversão de Paulo em 34 d.C. e sua primeira reunião em Jerusalém por volta de 37 d.C., então temos que o tempo entre o evento da crucificação de Cristo e o fato de Paulo receber a informação sobre sua morte, enterro e ressurreição (em Jerusalém) seria de sete anos (ou apenas cinco, se empregarmos a data mais remota). É um período de tempo muito curto e dificilmente longo o bastante para a criação de uma lenda que chegasse a corromper a verdadeira história.

O que é uma lenda?

Segundo explica a enciclopédia eletrônica, em breve exposição, “lenda é uma narrativa fantasiosa transmitida pela tradição oral através dos tempos. De caráter fantástico e/ou fictício, as lendas combinam fatos reais e históricos com fatos irreais que são meramente produto da imaginação aventuresca humana. Com exemplos bem definidos em todos os países do mundo, as lendas geralmente fornecem explicações plausíveis, e até certo ponto aceitáveis, para coisas que não têm explicações científicas comprovadas, como acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Podemos entender que lenda é uma degeneração do Mito. Como diz o dito popular: ‘Quem conta um conto aumenta um ponto’, logo, as lendas, pelo fato de serem repassadas oralmente de geração a geração, sofrem alterações à medida que vão sendo recontadas. Devemos considerar ainda a diferença entre mito e lenda. Mito é o personagem do qual a lenda trata, pois a lenda é a história sobre um determinado mito.”1

Já nos primórdios da igreja primitiva, a biografia de Jesus sofreu esse tipo de ataque, por isso o apóstolo Pedro, com a propriedade de uma testemunha ocular dos fatos, asseverou contundentemente: “Porque não seguimos fábulas engenhosas quando vos fizemos conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, pois nós fôramos testemunhas oculares da sua majestade.”

Tudo isso é especialmente importante, considerando-se que os apóstolos estavam vivos e falaram com Paulo, pois eram testemunhas oculares da morte, enterro e aparecimentos pós-morte de Cristo.

Além disso, o cálculo que indica a escrita de 1Coríntios 15, meados de 54 d.C., concorda com o cômputo dos outros apóstolos, e isso representa apenas 24 anos de diferença entre o registro escrito do que chamamos “credo primitivo” e os seus próprios acontecimentos.

Neste contexto, é significante lembrar que havia vários cristãos ao redor que poderiam ter corrigido os escritos de Paulo, caso contivessem erros. Entretanto, não temos quaisquer registros de correções ou desafios relativos à morte, enterro e ressurreição de Cristo de qualquer classe de testemunha, seja por parte dos romanos, judeus ou outros cristãos.

Temos de observar aqui que alguns críticos da Bíblia dizem que não existem evidências extrabíblicas que comprovem os eventos relacionados à pessoa de Cristo, o que seria uma prova de que eles nunca ocorreram. Mas esta “espada” corta de ambos os lados. Se os críticos podem aventar que os eventos que envolveram Jesus não são reais, apenas pelo fato de não haver evidências extrabíblicas que os comprovem, então podemos dizer também que, como não há documentos que se oponham à narrativa bíblica, a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, deve ser tida como verdadeira.

Além disso, a narrativa de Paulo é compatível com a dos evangelhos (e detalhe: o texto do apóstolo é antes da existência dos evangelhos) e confirma vários fatores importantes: Jesus nasceu como um judeu (Gl 4.4); foi traído (1Co 11.23); crucificado (Gl 3.1, 1Co 2.2; Fl 2.8); sepultado e ressuscitou ao terceiro dia (1Co 15.4, Rm 6.4).

Obviamente, Paulo considerou Jesus como uma figura histórica e não uma lenda ou um mito. E mais: Paulo foi um homem de grande integridade que sofreu muito para sustentar suas convicções. Não era o tipo de pessoa que acreditaria em “contos bem arquitetados”. Afinal, era judeu devoto (fariseu) e perseguidor atroz da Igreja. Algo profundo teve de lhe acontecer para que alterasse sua posição. Abandonou a fé e a tradição judaicas para sofrer perseguições, flagelos, prisões, e diversas privações. Tudo isso só prova e se ajusta ao fato de que o Jesus que morreu, foi sepultado e ressuscitou dos mortos é o mesmo Jesus que apareceu ao apóstolo Paulo, exatamente da mesma maneira que Lucas relatou em Atos 9.


1http://pt.wikipedia.org/wiki/Lenda

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