Centro de Ensino Teológico Saber e Fé

A realidade do castigo eterno

Caro leitor do BlogSF, tratamos sobre o relativismo em uma reflexão anterior. Desta feita, pretendemos abordar o universalismo. Você sabe qual é a concepção teológica que essa corrente filosófica encerra? Um dos pontos doutrinários importantes da soteriologia e escatologia é o inferno, assunto que frequentemente suscita polêmicas. Em geral, o universalismo é a doutrina que nega a possibilidade de castigo eterno para toda a humanidade, atenuando o valor do sacrifício vicário de Jesus Cristo realizado na cruz do Calvário. Trata-se de uma visão defendida até mesmo por alguns teólogos da fé cristã, alguns deles renomados e influentes entre os evangélicos. Na verdade, percebe-se no discurso universalista o afã de exaltar a misericórdia de Deus, em detrimento de sua justiça, desequilibrando assim o amor e a ira divina. Não se trata de negar a existência do inferno, como fazem algumas seitas, mas de rejeitar a perenidade do castigo que tem o inferno como seu instrumento. Logicamente, o universalismo é aprazível aos ouvidos de muitos, afinal de contas, a doutrina do castigo eterno não é muito popular, apesar de Jesus ter sido muito claro sobre este assunto. Nas próximas linhas pretendemos esclarecer um pouco mais sobre este assunto.

O universalismo ensina que todas as pessoas serão salvas pelo sacrifício de Cristo. Até mesmo os que rejeitaram a Jesus, os que cometeram crimes horríveis voluntariamente e morreram sem arrependimento desfrutarão de um futuro com Deus. Esta convicção é baseada na ideia de que o amor de Deus “é tão infinito” que a graça terminará por salvar a todos.

O perigo do universalismo é que ele gera um falso senso de segurança sobre o destino eterno das pessoas, pois remove a necessidade de responsabilidade, o medo do julgamento e não requer qualquer arrependimento. Uma pessoa que adota o universalismo pode concluir facilmente que se ela vai ser poupada, não importa o que faça, então ela não deve se interessar em arrepender-se e aceitar a salvação de Jesus. Este erro é perigoso, porque se o universalismo não for verdadeiro, então o falso senso de segurança que esta crença confere conduzirá seus adeptos à desgraça. Isto não significa necessariamente que todos os universalistas negligenciem aceitar a Cristo, nem que todos eles pensam que podem pecar deliberadamente. Mas há o perigo inerente no universalismo que reduz a necessidade do arrependimento e da salvação.

O que Satanás deseja?

A destruição das pessoas. O universalismo tem-se tornado uma ferramenta maligna nos últimos dias, pois debilita a necessidade de se confiar em Cristo nesta vida. No contexto da crença universalista, Satanás pode trabalhar com mais liberdade suas falsas doutrinas entre seus partidários. É claramente este o caso de muitos que se confessam universalistas e negam a Trindade e a deidade de Cristo. Na teologia universalista, isso realmente não importa. Por quê? Porque, no final das contas, as pessoas conceberão um verdadeiro conhecimento de Deus, se arrependerão e simplesmente serão salvas. É como se Satanás dissesse: “Não se preocupe em aceitar a Jesus agora. Você pode fazer isso depois”. Enquanto, por outro lado, Cristo diz: “Ouvi-te em tempo aceitável e socorri-te no dia da salvação; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação” (2Co 6.2).

Jesus nos salva do quê?

O sacrifício de Jesus nos priva do julgamento colérico de Deus, devido à nossa natureza pecaminosa. É a consequência natural a que se depara todo pecador: o julgamento. Deus castigará o pecador (Os 8.13; 9.9). Aquele que rejeita a Jesus não tem cobertura em relação ao seu pecado, e a ira de Deus sobre ele permanece: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece” (Jo 3.36).

Era esta a prevenção que reclamava a pregação de João Batista aos fariseus: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir?” (Lc 3.7). Aliás, o próprio Jesus fez advertências sobre o inferno mais do que as oportunidades em que mencionou o céu (Mt 5.22,29,30; 23.33; Mc 9.45; Lc 12.5). Há, no Novo Testamento, uma gama de admoestações para alertar as pessoas quanto à existência deste lugar de tormento.

Diante disso, acreditamos na impossibilidade de um universalista declarar-se evangélico, por dois motivos: primeiro, porque seu evangelho é corrompido; segundo, porque seu “evangelicalismo” não possui razão de existir se todos serão salvos no final.

Cuidado! Jesus, quando esteve entre os homens na terra, não disse que todas as religiões eram boas. Pelo contrário, disse que há duas portas e dois caminhos que levam a fins opostos (Mt 7.13,14). Muitas coisas feitas em nome da religião não são aprovadas por Deus: prostituição sagrada, poligamia, invocações de mortos, idolatria, feitiçarias, proibir vacinas, proibir de transplantes de órgãos, proibir transfusão de sangue, além de sacrifícios de crianças a demônios, que ocasionam mortes em nome de Deus (Jo 16.1, 2; 1Co 10.19,20; Ap 21.8).

É erro grave propagar a promessa de uma salvação “universal”, na qual não haverá julgamento e todos serão redimidos num determinado período de tempo. Jesus, em Mateus 24.35, descarta a tese “universalista”, sacramentando a eternidade de sua Palavra, a qual, segundo o texto, “não passará”. O versículo em análise, quando destaca a insignificância dos tipos gregos – iota (j) e keraia (~) – mostra que Cristo desejava explicar que mesmo as menores coisas ditas por Ele se cumpririam, o que, em paralelo a Mateus 24.35, desbanca a tese “universalista”. Ora, se Deus não tivesse o propósito de trazer sua Palavra a efeito, não criaria um lugar para arremessar aqueles que sofrerão a condenação eterna; o dano da “segunda morte” (Mt 25.41; Ap 20.14; 21.8).

Em Matheus 25.33 está declarado que Deus “porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda…”. O versículo em destaque prova que, contrariamente ao que prega o universalismo, há distinção entre os homens. Em matéria de fé, duas são as classes preestabelecidas: a dos salvos e a dos condenados. Embora haja veracidade na proposta de um Deus sobremaneira bondoso, fato também é que ele se ira, e esta ira, já no presente, se acha sobre a vida dos descrentes.

Medite nisso: o universalismo é uma doutrina simpática, que massageia o ego humano, mas que lança por terra o sacrifício vicário de Cristo. É complacente para conosco e pode sutilmente pôr em dúvida nossa fé, e é justamente aí que está o perigo!

Comentário

  • PAULO SILVEIRA / PASTOR
    Responder

    A REFERÊNCIA DO PENÚLTIMO PARÁGRAFO ESTA ERRADA, CREIO QUE VOCÊ ESTA CITANDO MATEUS 25:33 E NÃO JOÃO, OK?
    VOCÊS PERMITEM APLICAR ESSES MATERIAIS EM BOLETINS E MINISTRAÇÕES NA EDIFICAÇÃO DA IGREJA, SE FOR NECESSARIO?

    • Saber e Fé

      Olá Pr. Paulo, agradecemos seu comentário e já fizemos a alteração! Pode utilizar os estudos sim. Um abraço!

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